A população italiana se prepara para votar um referendo às emendas constitucionais propostas pelo Partido Democrático (PD, de esquerda), e o Movimento 5 Estrelas (M5S, de direita), que propõe uma redução na quantidade de representantes na Câmara dos Deputados e no Senado em mais de um terço. Atualmente, o sistema representativo italiano conta com 630 deputados e 315 senadores, passando a ter 400 deputados e 200 senadores. Os defensores da medida alegam que a redução do número de parlamentares permitirá uma economia estimada entre 285 a 500 milhões de euros por legislatura, cuja duração na Itália é de 5 anos.
Claro que o argumento é puro cinismo. Com um PIB superior a 2 trilhões de euros, a Itália é um dos países mais ricos e desenvolvidos do mundo, o montante gasto com a sustentação do Parlamento é o menor dos problemas do país. Muito mais grave é a expressiva redução da representatividade parlamentar, a qual permitirá um controle maior da burguesia sobre o regime político italiano, já com forte inclinação fascista.
Já aprovada na Câmara dos Deputados, a proposta de redução da representatividade parlamentar agora aguarda a decisão do referendo, onde a população decide se mantém a medida ou a cancela.
Um aspecto importante sobre a questão é que o mesmo projeto já fora proposto, pelo mesmo PD em 2016, com a população rechaçando o golpe. Cerca de três anos depois, a pressão da burguesia italiana é tamanha que o Parlamento volta a propor a medida, novamente aprovada pela Câmara, o que demonstra de maneira muito clara que mesmo a quantidade atual de representantes, está na realidade baixa, o bastante para que os capitalistas consigam pressionar os políticos, para atingir seus interesses sem muitas preocupações com as aparências.
Tendo recorrido a um golpe parlamentar para tirar o incendiário Matteo Salvini (do partido de extrema direita Liga), o regime político italiano segue em franca decomposição, a exemplo do que ocorre em outros países, mesmo do núcleo mais importante do imperialismo, com os casos mais destacados se verificando na Alemanha, Inglaterra e EUA.
A nova ofensiva da direita contra o sistema representativo italiano é mais um fator que comprova a crise profunda do regime, cada vez mais dirigido pela extrema direita, orientado pelo ataque aos direitos democráticos da população, por isso mesmo, dependente em escala crescente, de manobras impopulares que permitam à burguesia manter o regime sob controle, embora com o custo de uma constante ampliação da crise.