O avanço tecnológico na educação não é o objetivo do Ensino à Distância propagandeado e imposto pela política da direita. Seu objetivo nunca foi melhorar a qualidade do ensino e explorar novas formas de aprendizado, e sim, sucatear e privatizar o ensino público. Isso fica claro levando em consideração a TIC Educação 2019.
A TIC Educação é uma pesquisa realizada anualmente em âmbito nacional para avaliar e para mapear o acesso, o uso e a apropriação das tecnologias de informação e comunicação (TIC) em escolas públicas e privadas de educação básica. A última pesquisa, realizada em 2019, revela que a maioria das escolas do País não possuía plataformas organizadas para o ensino on-line e que grande parte dos estudantes não tinha acesso às redes aos equipamentos de forma adequada.
Para a maioria pobre, as condições precárias de aprendizagem são extremamente piores. Nos setores urbanos, 14% das escolas públicas apresentam algum ambiente ou plataforma virtual, um número menor que em 2018, quando era 17%. Já entre as privadas, 64% possuem. Ainda nas escolas urbanas, em torno de 83% dos estudantes têm acesso às redes, e ao todo, 18% acessa exclusivamente pelo celular, com um aumento de 3% em relação ao ensino público.
No Norte e no Nordeste, estados de maior pobreza do País, todos esses dados se agravam, respectivamente os alunos com acesso caem para 73% e 78%, e aqueles que só possuem aparelho celular sobe para 26% e 25%.A disparidade com o setor rural também é nítida, apenas 40% das escolas ao menos um computador com acesso à internet. E só 9% acessam por algum outro meio tecnológico.
A utilização das redes no ensino vem avançando de forma desigual nos últimos anos, das escolas particulares, 94% já tem algum perfil ou página na internet, enquanto nas públicas, 74%. Assim como, na rede pública, 31% dos professores receberam trabalhos, 44% tiraram dúvidas e 48% disponibilizaram conteúdos e na rede privada, 52%, 65% e 65%, respectivamente. Outro dado relevante nas pesquisas são as reclamações dos professores, dos quais 79% afirmaram ter dificuldades para o uso das tecnologias por não terem nenhum curso específico e serem forçados a organizar as atividades.
No Brasil a juventude precisa lutar contra a fome, contra a doença e contra a polícia. O governo bolsonarista não tem interesse algum em solucionar a crise, ou em auxiliar o povo, apenas sustenta medidas demagógicas para alcançar seus objetivos e conter a mobilização popular, ao mesmo tempo em que fortalece o genocídio do povo. O ensino à distância, junto com a promessa de garantir o acesso a internet para o todos é uma mentira para avançar com a privatização do ensino e atacar a política estudantil, principalmente durante a pandemia.
Fica claro com os dados da pesquisa, que a situação é precária em todas as escolas, e que a comunidade escolar mais pobre, sofrerá muito mais com a implementação do Ead. Por isso é preciso organizar os estudantes para combater diretamente as posições do governo golpista. Só a mobilização massiva pode exigir o fim da Ead, do sucateamento do ensino, e o cancelamento do semestre até que seja seguro, com uma verdadeira política de combate a crise.