Em entrevista recente, o jornalista da Rede Globo Marcos Luca Valentim foi questionado sobre o Diáspora, coletivo do qual é um dos líderes. O grupo se define como um espaço de trocas de experiência e conversas entre pessoas negras para discutir projetos e ações mensais dentro da Rede Globo. Ignora-se, assim, o papel da emissora como uma das maiores difusoras de racismo no Brasil, é ela a maior propagadora do neoliberalismo, que inevitavelmente se abate sobre negros e pobres.
O coletivo está muito longe de combater o racismo. O jornalista alega que as reuniões contam com a presença de membros da diretoria. Isso joga uma pá de cal em qualquer ambição — afinal, não é possível que haja luta onde o patrão seja parte dos supostos militantes. Na prática, isso até realça o controle da empresa sobre seus funcionários e sobre a pauta do racismo. As pautas, aliás, não ficam muito claras na entrevista, quais de fato são, pois fala-se apenas da falta de pessoas negras contratadas, o que é uma obviedade para qualquer pessoa que assista à emissora. O jornalista ainda afirma que a Globo busca se tornar mais inclusiva ao se abrir ao debate. Será que Ali Kamel se arrependeu de sua obra “não somos racistas”, em que buscou desqualificar o debate do racismo?
A luta contra o racismo não pode ser levada a sério quando não se distingue patrão e trabalhador, um está a explorar o outro e assim como a luta de classes não pode ser separada de luta dos negros, a luta dos negros não pode ser separada do fator classista.