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O caminho é a mobilização

Diante do massacre: uma política eleitoreira e outra de luta

Esquerda tenta lucrar eleitoralmente em detrimento da revolta popular. É necessário organizar a mobilização e tomar as ruas

A chacina  ocorrida na manhã desta quinta-feira na favela do Jacarezino, no Rio de Janeiro, entrou para a história como a maior já realizada no estado. Com os aparatos de repressão esmagando mais uma vez a classe trabalhadora, e assassinando dezenas de pessoas inocentes, a revolta das famílias dos assassinados e da classe operária em geral não poderia deixar de existir. 

Desde o ocorrido, protestos se multiplicam não só no Rio de Janeiro, como também em São Paulo, na Avenida Paulista e no restante do país, confrontando diretamente a repressão promovida pela ditadura agravada pelo golpe de estado. No entanto, em meio a esta crescente revolta popular as direções da esquerda pequeno-burguesa, já muito paralisadas, decidem por adotar, mais uma vez, uma política de total reboque a burguesia golpista.

Em torno da campanha contra a repressão policial, palavras de ordem vagas tomaram conta da esquerda pequeno-burguesa, no lugar de lutar junto aos trabalhadores contra o regime golpista, a política adotada veio em forma de “apelo”, de uma campanha demagógica e infrutífera, de implorar aos assassinos por justiça. Assim a defesa por “justiça” e súplicas pelo interrompimento dos assassinatos tornam-se as principais revindicações da esquerda.

Neste ponto é necessário fazer uma importante diferenciação. Os trabalhadores, os moradores do Jacarezinho que pedem por justiça e contra a repressão expressam um desejo de lutar. Contudo, estas mesmas palavras de ordem ditas por setores que deveriam dirigir o movimento, ou seja, organizar a revolta com claras revindicações em defesa dos trabalhadores, ganham apenas uma conotação demagógica que, na prática, é resultado da tentativa de obter ganhos eleitorais em cima dos assassinatos e não de lutar junto aos trabalhadores.

Dessa maneira, a esquerda pequeno-burguesa busca colocar mais uma vez os trabalhadores a reboque da burguesia golpista, a mesma que promoveu a chacina. Ao pedir por justiça, a esquerda pede que os mesmos aparatos de repressão que apoiaram o massacre dos trabalhadores no Jacarezinho “julguem” a si mesmos, uma política ridicula e capituladora. É claro que os policiais e responsáveis cometeram crimes e devem ser punidos, mas isso nem de longe resolveria o problema. Isso porque a burguesia irá arrumar um bode expiatório e tentar puni-lo da maneira mais branda possível. Décadas para serem julgados, investigação da própria policia assassina e por aí vai. Diversos exemplos mostram isso, Eldorado dos Carajás, Corumbiara, Candelária, Marielle Franco e outras inúmeras chacinas e crimes demonstram isso.

Além disso, a tentativa de implorar para a burguesia para que os assassinatos parem, mostra a total desconexão da esquerda pequeno-burguesa com os interesses da classe operária. Nesse momento de crise, e com aprofundamento dos ataques contra os trabalhadores, é necessário ter uma política combativa, que busque mobilizar a população em torno de revindicações claras e a coloque em confronto com o regime golpista assassino.

No lugar de pedir a justiça assassina, a esquerda deve organizar a classe operária e a juventude em uma intensa campanha pelo fim de todas as policiais, pela extinção de todo aparato de repressão do estado. A defesa desta política, é o que de fato irá impor o fim das chacinas e a possibilidade da classe trabalhadora livrar-se da repressão diária da burguesia golpista. 

Com isso, a esquerda deve levar a frente uma política de organizar os trabalhadores, formar milicias populares controladas pelas comunidades, onde o trabalhador terá a possibilidade de organizar coletivamente sua autodefesa, no lugar de ser reprimido pela polícia, que não protege ninguém a não ser os interesses da burguesia.

Esta é a política da classe operária frente ao genocídio da burguesia. A campanha feita pela esquerda pequeno-burguesa deve ser combatida, esta não é uma campanha de luta, de mobilização da população, mas sim, de impor uma paralisia, de colocar a população revoltada contra o genocídio em estado de expectativa em relação as decisões que serão tomadas pela justiça burguesa. No fim, esta campanha de tipo eleitoral mostra a falência política desta própria esquerda. No lugar da mobilização, a pequena-burguesa calcula o quanto que ela poderá lucrar eleitoralmente em cima dessa situação.

Além de ser uma política criminosa, ela representa uma profunda ilusão nas instituições. Mesmo sob o golpe de estado e o massacre da população, a esquerda crê que não mobilizando a população e buscando converter a radicalização em meros votos nas eleições parlamentares destes partidos poderão vir a ser eleitos, independente da fraude e da ditadura que se aprofunda no país.

Outro ponto desta política, que demonstra a falência generalizada das direções da esquerda pequeno-burguesa, é a falta de um programa próprio para interferir na situação e apresentar uma política independente para a classe operária. No lugar disso, as direções da esquerda pequeno-burguesa buscam assimilhar o máximo possível do programa da burguesia golpista, e buscam colocar toda a população a reboque de uma política não operária, mas sim brutalmente contrarrevolucionária e direitista.

Para romper com esta paralisia, é necessário impulsionar a radicalização dos trabalhadores, é preciso tomar as ruas contra o regime golpista, e mobilizar pela derrubada do governo Bolsonaro.

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