Mais de 40 associações de movimentos sociais e coletivos do Rio de Janeiro realizarão uma grande manifestação no próximo domingo, dia 26, em bairros da zona sul carioca.
Batizada informalmente com o sugestivo nome “O morro vai descer”, a manifestação marcada com antecedência para protestar contra os assassinatos da população negra, pobre e trabalhadora nas periferias e nos morros tomou nova dimensão como um contra-ato à manifestação chamada pela extrema-direita bolsonarista e coxinha, prevista, também, para esse domingo.
Não poderia ser diferente, o massacre cotidiano promovido pelos órgãos de repressão do Estado, como a PM e o Exército teve um aumento exponencial desde o golpe de 2016, com a ocupação do Estado do Rio de Janeiro pelo Exército, e nesse último período com a posse dos governos Bolsonaro e Witzel, eleitos, ambos, pela manipulação e pela fraude.
Não há dia no Rio de Janeiro em que a polícia ou o Exército não sejam acusados de assassinar trabalhadores nas periferias e morros da cidade. O próprio governador do Estado participou pessoalmente de operações em helicóptero da polícia, onde franco-atiradores metralharam comunidades de dentro da aeronave.
Portanto, o ato do dia 26 de maio dos movimentos sociais e coletivos do Rio de Janeiro ganham uma expressão muito maior, justamente porque ocorrem em meio a uma virada qualitativa na situação política expressas pelas grandes mobilizações nacionais do dia 15 de maio.
As manifestações do dia 15 de maio em peso gritaram “Fora Bolsonaro”, como expressão do aumento da polarização política, como uma expressão da esmagadora maioria dos participantes de que, o que a tarefa do momento é colocar abaixo o regime golpista e não a luta por reivindicações parciais na tentativa reverter os ataques do governo contra o conjunto da população. As reivindicações parciais, necessariamente, fazem parte do todo. E o todo é o golpe e que nesse momento se materializa no governo Bolsonaro.
Um outro aspecto central, em grande medida, também decorrente dos atos do dia 15 de maio, é que acentuou-se a fragmentação do governo golpista, inclusive com diversos setores da extrema-direita se recusando a participar dos atos em favor do governo.
Setores da imprensa burguesa nacional, porta-vozes do imperialismo e do grande capital, como as Organizações Globo, já relacionam os atos pró-Bolsonaro com os atos chamados pelo então presidente Collor de Mello e que abriram caminho para o fim do seu governo.
Uma questão-chave que se coloca para a esquerda e os partidos que lutam contra o golpe, para os sindicatos, o ativismo classista é a de se somar aos movimentos sociais no ato “o morro vai descer” em um movimento amplo e democrático, empunhando suas bandeiras, faixas, cartazes em uníssono com a palavra de ordem que varre o país de norte a sul e que a expressão maior do sentimento popular: “Fora Bolsonaro”!