No último domingo, a cidade de Dresden, no leste da Alemanha, foi palco de duas manifestações antagônicas. De um lado o movimento direitista PEGIDA (Patriotische Europäer gegen die Islamisierung des Abendlandes, em alemão) ou Europeus Patriotas contra a Islamização do Ocidente, convocou um comício no centro da cidade para comemorar seus quatro anos de fundação. Em resposta, foram organizadas várias manifestações de repúdio ao movimento e contra o racismo e a xenofobia em geral. Ambas as manifestações reuniram milhares de pessoas e transcorreram pacificamente.
A agudização da crise do capitalismo não foi suficiente para que a esquerda europeia, com a notável exceção da do Reino Unido, encarasse de frente os problemas que afligem a Europa. As políticas colonialistas dos governos europeus com relação à África e ao Oriente Médio e as intervenções militares como origem do problema são ignoradas pela esquerda e ela chega ao absurdo de apoiar tais políticas. Também a ditadura do Conselho da União Europeia, do Banco Central Europeu e a inutilidade do Parlamento Europeu não são objetos de preocupação da esquerda europeia. Coube à direita abraçar essas questões o que tem propiciado o seu crescimento.
A frequente ocorrência de manifestações antifascistas ainda que um tanto tímidas em resposta à ofensiva da direita indicam a existência de uma pessoas organizadas politicamente com o objetivo de barrar a onda fascista e sinaliza que a direita não vai trafegar por uma estrada desimpedida. Nos últimos dias o Brasil tem testemunhado assombrado manifestações despudoradas da variante botocuda do fascismo. A ausência de qualquer reação e mesmo a conivência do que restou das instituições brasileiras nos leva à conclusão de que o povo trabalhador está sozinho e só pode contar consigo próprio para se defender. Portanto é essencial e urgente que comitês de autodefesa sejam criados e que a voz dos comitês de luta contra o golpe seja levada às ruas.