O suicídio do ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier de Olivo, em 2 de outubro de 2017, marcou mais um episódio do estado de exceção que estamos vivendo, das acusações infundadas, de fim do direito de defesa, do autoritarismo pós-golpe.
O acadêmico foi acusado de formação de quadrilha e de ter cometido vários delitos envolvendo verbas públicas. Durante o inquérito, ele chegou a ser preso de forma arbitrária, sob o pretexto de estar “obstruindo as investigações”, devido a uma mensagem de celular.
Perto do término das investigações, a Polícia Federal não conseguiu chegar a uma conclusão sobre os valores supostamente envolvidos na operação, divulgando apenas que R$ 1.300,00 foram concedidos a um professor como bolsa de ensino, e valores entre R$ 48,74 e R$ 140,00 foram gastos em postos de gasolina para deslocamento de funcionários da universidade.
O relatório final sobre os crimes apresenta mais de 800 folhas, mas não traz nenhuma prova de participação do ex-reitor nos ilícitos, tampouco define qual valor exatamente teria sido “desviado”, mostrando que o documento não passa de mais uma fraude acusatória dos poderes repressivos do Estado para atacar também as universidades e os intelectuais do país.