O presidente ilegítimo Jair Bolsonaro (PSL-RJ), disse no início do mês, em transmissão ao vivo, que vai reeditar a “Caderneta de Saúde da Adolescente”, feita pelo Ministério da Saúde para meninas de 10 a 19 anos. O objetivo de Bolsonaro é retirar informações que considera inadequadas ao público-alvo. Bolsonaro recomendou a mães e pais que rasguem as páginas sobre educação sexual enquanto o novo modelo não chega.
As informações inadequadas para Bolsonaro são os desenhos ilustrando a forma correta de uso do preservativo feminino e masculino, assim como deve ser realizada a higiene íntima para jovens de 10 a 19 anos.
O assunto foi debatido no programa Repórter SUS, produzido em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), que convidou a gerente do Programa de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST/Aids), da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Guida Silva.
Segundo Guida Silva, na última década houve um aumento importante nos casos de HIV/Aids e sífilis no País. No Rio de Janeiro, este crescimento foi bastante intenso. Ela explicou que “entre 2007 e 2017, tivemos um aumento na população carioca de quase duas vezes. Se olharmos, a faixa de 15 a 19 anos esse aumento foi de quatro vezes e meia. Se a agente olha a faixa de 20 a 24 anos, foi um aumento de quatro vezes. No caso da Sífilis, o aumento neste período, no município do Rio de Janeiro, foi de sete vezes e meia; na faixa de 15 a 19 anos, o aumento foi de 23 vezes, ou 2.300%. É uma verdadeira epidemia”.
Ainda segundo Guida, adolescentes estão sendo bastante afetados por epidemias de IST/Aids, devido a hipótese de queda na informação nos últimos 20 anos, quando “passou-se a falar menos” a respeito de infecções sexualmente transmissíveis e sua prevenção. “Talvez porque o tratamento para o HIV tenha avançado muito, hoje a doença não mata como antes [30, 40 anos]. A gente vem falando menos sobre HIV/Aids e a desinformação impera”, explicou.
Para a especialista, é preciso falar sobre IST/Aids, Sífilis com os jovens que não frequentam unidades de saúde, que ainda não estão num ambiente de trabalho – onde ela acredita que há uma oferta de informação. Para redução do número de casos, defende que se estenda a informação ao jovem na escola, na família, em festas e outros espaços que os adolescentes frequentam, como as redes sociais.
Diante deste grave problema, Bolsonaro quer diminuir a informação, impedir o debate e aumentar a repressão contra os jovens e adolescentes. É preciso denunciar esta política do governo, que fará com que aumente ainda mais as doenças sexuais nos jovens, sobretudo nas mulheres, que são as mais afetadas.