O povo brasileiro sempre conviveu com o desemprego alto, isso porque a burguesia sempre se esforçou em manter um exército de reserva como estratégia para manter os salários baixos. Foi nos governos do PT, que pela primeira vez, a classe trabalhadora viu diminuir sobre si, a pressão das altas taxas de desemprego, chegando mesmo a atingir o pleno emprego em 2014 quando o índice chegou 4,8%.
Nesta sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). A pesquisa, que analisa dados do primeiro trimestre de 2020, mostrou que em apenas uma das 27 unidades federativas não houve um aumento significativa taxa de desemprego.
Em âmbito nacional, a taxa de desemprego atingiu 12,2% no primeiro trimestre, superando o fim do governo FHC quando atingiu 11,2%. Considerando individualmente cada Estado, os mais afetados pelo desemprego no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre de 2019, foram Maranhão (de 12,1% para 16,1%), Alagoas (13,6% para 16,5%), Rio Grande do Norte (de 12,6% para 15,4%), Bahia (16,4% para 18,7%), Tocantins (9,1% para 11,2%) e Mato Grosso (6,4% e 8,5%). O Acre foi o único Estado onde houve uma melhora, a taxa de desemprego caiu de 13,6% para 13,5% no período.
Os números mostram a total perda de controle da burguesia que desde o golpe de 2016 vê todos os indicadores sociais desabarem, aprofundando ainda mais a luta de classes. O desemprego massivo da população lança uma sombra ameaçadora sob o regime político. Foi exatamente o desemprego alto e o empobrecimento geral da população brasileira que levaram a uma crise profunda na década de 1990 que só foi superada pelo acordo que levou o PT ao poder. Como vimos, o índice atual já supera o da crise período FHC, além disso, o que há por vir no restante do ano não é nem um pouco animador, a crise do coronavírus levará o Brasil e o mundo a um período de resseção sem precedentes, já alertam os especialistas.
Com o pleno emprego ainda fresco na memória, a insatisfação do povo brasileiro vai pouco a pouco tomando corpo. O consorcio burguês que deu o golpe em 2016 não consegue estabilizar o regime político que já se encontra fissurado. Estas contradições internas da burguesia e a crescente crise social transformam o Brasil em uma panela de pressão aquecida pela crise do covid-19, a explosão é certa, trata-se apenas de questão de tempo.