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Uma política independente

Derrubar o governo por meio da mobilização dos trabalhadores

Romper com a paralisia e a subordinação. As organizações operárias e populares devem apresentar um programa e um plano de lutas que expresse os interesses dos trabalhadores

A saída de Sergio Moro – ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e homem de confiança de um importante setor da burguesia nacional e do imperialismo – do governo Bolsonaro explicitou a divisão do bloco golpista da burguesia que levou Bolsonaro ao poder. Durante a crise sanitária provocada pelo coronavírus, já se havia insinuado essa divisão através da contraposição da “política dos governadores” e da “política do governo federal” no combate à pandemia. No entanto, a saída de Moro elevou a agonia do governo e do regime político golpista, construído sobre os escombros do regime político anterior ao golpe de 2016, ao paroxismo. Contudo, iniciativas de reorientação ou reorganização do governo e do regime político permanecem inteiramente com a burguesia em suas diferentes alas; até este momento, as organizações operárias e populares e a esquerda em geral assistem ao desenrolar dos acontecimentos profundamente perplexas. 

Contudo, as direções pequeno-burguesas da esquerda e do movimento operário, desesperadas e carentes de liderança, viram nesse movimento de distanciamento do governo Bolsonaro de uma ala da direita, o sinal para a concretização da tão propalada e querida “Frente Ampla”. A constituição de tal frente significa, do ponto de vista real, a subordinação do movimento operário e popular e dos partidos de esquerda à política da direita dita civilizada, em que o PSDB tem papel fundamental, contra o bolsonarismo. Ou seja, utilizar as bases do movimento operário, popular, da esquerda e a maioria do povo para reerguer e sustentar as iniciativas dos partidos burgueses tradicionais que estariam aparentemente contra a política fascistoide do atual presidente é a política do mal menor. 

O exemplo concreto, ainda que nefasto, dessa sinalização é o 1º de Maio das Centrais Sindicais. Fora chamado um ato virtual, sem mobilização alguma, sem programa de luta definido, mas que contará – até agora não há desmentido – com a participação dos principais representantes da ala da burguesia, inimigos mortais dos trabalhadores, que se afastou do governo Bolsonaro. Um escândalo. Um verdadeiro escárnio contra todos os trabalhadores do Brasil e do mundo.

Apesar de estar claro o caráter reacionário, capitulador e traiçoeiro dessa política, o cálculo da esquerda é também equivocado. Apoiar um setor aparentemente dissidente não muda a situação desesperadora dos trabalhadores brasileiros e pode até mesmo causar o reforço do atual governo. Bolsonaro é até o momento o líder da burguesia brasileira. As lutas que se travam no interior dela em torno do governo são mais para definirem qual política econômica e qual grupo político terá a preponderância dentro do governo, do que para derrubá-lo, o que é aliás algo demasiado perigoso para o conjunto da burguesia. Não é correto portanto definir que a burguesia ou um setor dela tenha se decidido pela derrubada do governo, mas que continuam lutando para ver qual grupo coloca Bolsonaro na “linha”, ou seja, adquire a preponderância. 

O apoio da esquerda nessa luta a um determinado setor da direita, dito civilizado, que é a essência da frente ampla, pode tão-somente resultar na imposição ao governo Bolsonaro da integralidade da política desse setor da burguesia, que se voltará inevitavelmente contra os trabalhadores e, ao mesmo tempo, promoverá o retorno desse setor ao cenário político.

Na hipótese de esse setor efetivamente derrubar o governo e assumir sua direção, para os trabalhadores a situação permaneceria a mesma, já que a política de ataques desses senhores civilizados é tão violenta e brutal contra os trabalhadores que em nada se diferencia da de Bolsonaro; basta ver os governos de FHC, Doria e Witzel. Quer dizer, uma política nula, que só terá como resultado real a derrota e a desmoralização. 

Em contraposição à paralisia e ao seguidismo que dominam as direções da esquerda, é preciso que as organizações operárias, como a CUT, verdadeira organização dos trabalhadores brasileiros, e populares apresentem um programa dos trabalhadores para a saída da crise, independente da burguesia e que contenha uma saída econômica e política. As organizações operárias e a esquerda devem tomar a iniciativa e arrastar as massas do país, que estão sendo massacradas pela burguesia de conjunto. Somente as mobilizações dos trabalhadores e de todo o povo explorado pode derrotar o governo e a burguesia de conjunto.

O 1º de maio deveria ser um pontapé nessa campanha: uma mobilização e um momento de discussão profunda sobre a situação e a intervenção dos trabalhadores com todas organizações operárias, populares, estudantis, camponesas etc. – tomando-se todas as precauções sanitárias necessárias e com transmissão ao vivo e uma campanha para alcançar milhões de pessoas, constituindo-se num programa e num plano de lutas. A esquerda deve abandonar essa política catastrófica de subordinação e convocar uma plenária de toda a esquerda e das organizações do povo para discutir essas questões, e isso é urgente.

O Fora Bolsonaro, anseio da maioria da povo brasileiro que sofre com esse governo genocida, só poderá concretizar-se de maneira positiva para as amplas massas com a mobilização dos próprios trabalhadores. O Fora Bolsonaro é mais do que uma exigência de substituição de um governo, mas a destruição de um regime político e de uma política de Estado tirânica, que oprime todo o povo. As organizações operárias e populares e os partidos da esquerda são os verdadeiros representantes do povo, da esmagadora maioria nação, das massas trabalhadoras, e a omissão diante do sofrimento por que passam e de seus interesses num momento crucial luta será considerado um crime histórico.

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