Finalizado o primeiro turno das eleições mais fraudadas da história do país, a esquerda pequeno-burguesa, sem uma minima crítica ao festival de horrores produzido pelos “donos do golpe” na campanha eleitoral, prepara-se para reproduzir a campanha do #elenão no segundo turno.
Slogans como “ditadura nunca mais”, “derrotar o fascismo nas eleições” ecoam como um mantra contra o candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro. Como anunciou o site da Mais, agrupamento do Psol egresso do PSTU, “vão ao duelo do segundo turno, de um lado, o candidato da extrema-direita neofascista e, de outro, o representante do lulismo. Anuncia-se uma batalha na qual a neutralidade não é uma opção”.
Uma primeiro aspecto que chama a atenção é que até pouco tempo atrás, ainda no PSTU, esse grupo comungava com o ponto de vista daquele partido de que não havia golpe no Brasil, que a derrubada de Dilma Rousseff era resultado do repúdio popular à reforma fiscal do seu governo contra a população, não existia fascistas, etc., etc.
Essa política ocultava justamente o fato de que os grupos fascistas como MBL, Vem pra Rua e o próprio Bolsonaro eram financiados diretamente pelo imperialismo e impulsionados pela Rede Globo e todos os venais meios de comunicação, justamente para criar uma aparência de “apoio popular” à derrubada do governo do PT.
Com o impeachment e a campanha contra o PT, particularmente ao ex-presidente Lula, embarcaram na campanha por “diretas já”, desviando o foco da luta contra o golpe e pela anulação do impeachment por uma campanha por convencer o congresso golpista a aprovar novas eleições.
Finalmente, diante das eleições absolutamente fraudadas que teve como ato número 1 a cassação da principal liderança popular do país e as manobras e manipulações que levaram Bolsonaro para o segundo turno, acordaram entorpecidos pelo ópio da eleição e ainda sob o efeito das alucinações, acreditam que o fascismo será derrotado pelas urnas.
Foram coadjuvantes no arremedo da marcha #elenão, forjada pelos próprios golpistas, como a Globo, o PSDB, o imperialismo norte-americano. Fracassada essa manobra, voltam-se agora para a reedição do #elenão no segundo turno. Democracia x fascismo, eis a questão.
O fantasma do fascismo paira sobre a cabeça da esquerda pequeno-burguesa. Ao invés de procurar buscar na história da luta de classes e do marxismo os métodos pelos quais os fascistas devem ser combatidos, cai no conto do vigário das eleições.
Hitler e Mussolini não chegaram ao poder para depois impor a ditadura, a ditadura foi se impondo nas ruas e como consequência dessa imposição é que chegaram ao poder.
A vitória ou a derrota nas urnas não conterá o avanço da extrema-direita no país. A condição fundamental para derrotar o fascismo é construir um grande movimento de luta contra o golpe.
O golpe precisa ser derrotado nas ruas com a constituição de comitês de luta contra o golpe, com greves, com comitês de autodefesa dos movimentos sociais e sindicais. Apenas os métodos históricos de luta e organização da classe operária para a luta política serão capazes de derrotar o fascismo e seus progenitores, a democracia burguesa.