Na última quinta-feira, dia 11, Fernando Haddad participou de uma reunião com a Confederação dos Bispos do Brasil (CNBB) que exigiu que o candidato do PT firmasse alguns compromissos. Entre eles, o fortalecimento “dos órgãos de combate à corrupção” e pela “preservação da vida, contra a legalização do aborto”.
A reunião com a CNBB é mais um capítulo da adaptação da campanha de Fernando Haddad à direita golpista. É importante dizer, antes de qualquer coisa, que a CNBB, instituição conservadora, não se colocou contra o golpe contra Dilma Rousseff. Na época do impeachment, a CNBB apenas procurou pedir respeito ao “ordenamento jurídico do Estado democrático de direito”, que na realidade foi uma maneira de “lavar as mãos” diante do ataque brutal ao chamado Estado democrático de direito” que foi o impeachment.
Mas o mais escandaloso são os pontos firmados por Haddad. Primeiro o compromisso de reforçar os órgãos de “combate à corrupção” quando já é claro para um amplo setor das massas que esses órgãos servem à perseguição política e que o maior líder popular do País, Luís Inácio Lula da Silva, é um preso político.
O compromisso “em defesa da vida, contra a legalização do aborto” é um ataque contra um ponto fundamental do programa da esquerda de conjunto. A questão do aborto é essencial para a luta das mulheres e de todos os trabalhadores. A proibição é um dos maiores flancos de ataques contra as mulheres e o objetivo é controlar, através da repressão, metade da população do País.
Ao assinar tal compromisso, a chapa Haddad e Manuela desmoraliza toda a luta em defesa dos direitos das mulheres e, no fim das contas, desmoraliza toda a esquerda. Isso quando uma das principais justificativas para se unificar todos contra Bolsonaro é justamente a questão da mulher.
A ideia de que se deveria incorporar a política da direita para conseguir votos dos coxinhas saltou da adoção do verde e amarelo para um ataque à luta das mulheres.
Por fim, é preciso lembrar que a campanha contra o aborto foi a primeira que unificou a direita nas ruas, em idos da segunda metade dos anos 2000. Não por coincidência, na época, era uma esquerdista que era usada como porta-voz da direita para atacar esse direito das mulheres. Heloísa Helena, então no PSOL e que tinha sido candidata a presidência da república em 2006.
A cruzada contra o aborto, com a participação de Heloísa Helena, colocou na rua integralistas, a Igreja Católica e igrejas evangélicas no que seria uma prévia das manifestações coxinhas de hoje.
A capitulação da campanha de Haddad, ao tentar votos desesperadamente do setor mais direitista da população, coisa que não pode dar certa, desmoraliza a esquerda que deveria ser seu principal ponto de apoio. Para que serve tudo isso então?
A extrema-direita se combate na rua. A extrema-direita e o fascismo não se combate no voto, muito menos numa eleição fraudada como essa, controlada pelo golpe de Estado. A extrema-direita não se combate, tampouco, adotando a política da própria direita. Para derrotar a extrema-direita é o fascismo é preciso lutar contra todos os golpistas.