O deputado estadual Jessé Lopes, do PSL, partido pelo qual Jair Bolsonaro foi eleito, defendeu o que ele chamou de “direito” da mulher de ser assediada, em uma postagem nas redes sociais. Para o deputado, o assédio “massageia o ego, mesmo que não se tenha interesse na pessoa que tomou a atitude”. A publicação foi uma resposta à ação de um grupo feminista que arrecada recursos para confeccionar e distribuir tatuagens temporárias com a frase “Não é não”, no carnaval em Santa Catarina.
O direitista disse ainda que as mulheres já conquistaram todos os direitos necessários, muitas vezes, mais direitos do que os homens. Para ele, “hoje as pautas feministas visam (sic) em seus atos mais extremistas tirar direitos. Como, por exemplo, essa em questão, o direito da mulher poder ser ‘assediada’ (ser paquerada, procurada, elogiada…)”, escreveu.
Essa é apenas mais uma mostra de como a direita e a extrema-direita pensam sobre a questão da mulher na sociedade. Longe de ser apenas a manifestação de um pensamento, os governos direitistas vem promovendo, ainda mais, a opressão contra as mulheres que serve como um mecanismo de dominação do povo, considerando que a população feminina corresponde a pelo menos metade da população. Mundialmente, com o avanço da extrema-direita, crescem os números de agressões e assassinatos de mulheres.
O movimento “Não é não!”, por sua vez, repudiou a fala do deputado. Em entrevista ao portal O Globo, a cofundadora do movimento, Barbara Menchise, apontou que há diferença entre assédio e paquera e que assédio é crime. “Foi criada no ano passado a lei da importunação sexual, que ficou conhecida como a ‘Lei do não’. Já entrou em vigor, e prevê de 1 a 5 anos de prisão.”
É importante destacar, no entanto, que tanto a resposta da representante do grupo como a própria ação de distribuir tatuagens para combater o assédio demonstram a falta de compreensão desses movimentos do problema real da mulher na sociedade. Essa característica é típica da maioria dos movimentos da esquerda pequeno-burguesa que dizem lutar pela libertação da mulher, enquanto exigem mais leis para punir a classe trabalhadora.
Em vez de se apoiar no judiciário e na repressão estatal contra quem quer que seja, as mulheres devem se organizar para enfrentar os casos de violência, inclusive com a ajuda de homens nesse processo. De uma maneira mais ampla, os movimentos feministas devem lutar junto do conjunto da população pela derrubada do governo formado por elementos como o deputado Jessé Lopes, e pelo fora Bolsonaro.