Não é recessão, é depressão. Nesses termos, a mídia burguesa tem descrito o começo desta retomada da crise capitalista, que a bem da verdade, é uma constante de décadas, tendo apenas se acentuado com a passagem do tempo e a falência completa do sistema social vigente, incapaz de dar uma solução melhor do que assaltar os cofres públicos, equilibrar a balança fiscal dos governos para garantir fundos até próxima crise e empurrar com a barriga enquanto for possível. Obviamente, trata-se de uma política sem futuro que cedo ou tarde, produzirá uma explosão social revolucionária, impossível de ser contida pela burocracia encarregada de gerir o regime burguês.
Não faltam elementos concretos apontando para isso: no principal país imperialista do mundo, os Estados Unidos, o número de inscritos no seguro-desemprego voltou a bater o recorde histórico de inscritos no intervalo de uma semana, com mais 6,6 milhões de trabalhadores demandando o auxílio destinado àqueles que se encontram sem emprego por uma economia em franca decomposição. Importante contextualizar que 6,6 milhões de inscrições no seguro-desemprego representam um crescimento superior a 88%, e com uma semana de intervalo. Outra consideração importante, com 164 milhões de pessoas na força de trabalho, isto implica em mais de 4% dos trabalhadores norte americanos fora do sistema produtivo em menos de duas semanas. Não é de se estranhar que tantos ideólogos da burguesia estejam, nesse momento, falando que a crise atual é uma verdadeira depressão econômica, e pior do que a de 1929.
O atoleiro econômico dos Estados Unidos é exatamente o melhor termômetro para avaliarmos o tamanho do problema. Após o estardalhaço causado pelo maior pacote de salvação ao capitalismo já realizado, num valor que supera o PIB do Brasil em 30% (e é preciso uma especial atenção na magnitude disto por que estamos falando de um dos países mais ricos do mundo), o presidente Donald Trump se viu obrigado a solicitar mais dinheiro para injetar na economia, desta vez na indústria de construção, e não foi qualquer montante. Trump quer simplesmente 2 trilhões de dólares a título de investimentos na infra estrutura americana. Com novo pacote, quase o dobro do recorde anterior da “mão nada invisível” do Estado, fica claro que o capitalismo está como um decrépito, respirando com ajuda de aparelhos artificiais, sem os quais estaria condenado.
A barreira psicológica da palavra com “D”, foi definitivamente rompida, dados os sinais inequívocos da depressão econômica, e se há 12 anos o máximo que a burguesia conseguiu foi empurrar até onde der, a margem para superar a crise 2020 se encontra sensivelmente reduzida, o que pode ser constatado por diversos eventos que comprovam a debilidade política do imperialismo, tais como a derrota na Síria, as tensões cada vez mais explosivas na América do Sul e também a própria situação interna, onde fenômenos como Bernie Sanders, no país imperialista mais poderoso do conjunto, ganham um destaque impensável há uma década. O que a história dirá destes dias, depende muito do que nossa geração fizer no sentido de impulsionar a mobilização popular mas é certo que o capitalismo hoje se encontra muito mais debilitado do que quando a Revolução Russa abriu o caminho para as revoluções socialistas.