Em nova rodada de assembleias regionalizadas do sindicato da categoria, APEOESP, realizadas no último sábado, dia 27, os professores da rede estadual deliberaram continuar a greve iniciada no último dia 8, contra o crime da volta às aulas imposto pelo governo “científico” de João Dória (PSDB) no Estado de São Paulo e acompanhado pelo prefeito da Capital Bruno Covas, do mesmo partido.
Mais de 2 mil infectados pela volta às aulas
No levantamento realizado pela APEOESP sobre os casos de contaminação nas Escolas Estaduais, com base em informações levantadas junto aos professores nas próprias Escolas, já constam mais de 1500 casos de infectados, em mais de 730 unidades escolares. Por sua vez, no Relatório referente aos trabalhadores da Educação do Município de São Paulo, publicado no site do Sindicato dos Profissionais da Educação do Município de São Paulo (Sinpeem), constam mais de 335 infectados, em mais de 130 unidades, incluindo-se as contaminações nas escolas privadas (algumas das quais suspenderam suas atividades após a proliferação do vírus). Com certeza, já totalizariam mais de 2 mil infectados após a reabertura das Escolas, por decisão do governos estadual e municipais. Os casos de professores, funcionários, diretores e alunos mortos já passam de 40.
Fica evidente que a política de reabertura das Escolas é parte de um verdadeiro plano macabro desses governos, bem como do governo Bolsonaro e de toda a direita, de empurrar milhões de educadores, crianças e jovens para verdadeiras câmaras de morte em que foram transformadas as escolas com a pandemia. Tudo para satisfazer a vontade dos banqueiros, mercadores do ensino pago e outros tubarões capitalistas que querem fazer com que tudo funcione “normalmente” em pleno pico da pandemia, colocando em risco a vida de milhões de pessoas, para satisfazer sua sede voraz de lucro às custas da miséria e morte de parte do povo.
Contra essa ofensiva, os educadores (e todos os explorados) não têm outra alternativa se não sair à luta contra a reabertura das escolas e o conjunto das medidas dos governos “negacionistas” e “científicos” que, no fundamental, é a mesma: contra o povo.
Mobilização nas ruas colocou luta em uma nova etapa
A greve entra em sua quarta semana, impulsionada pelo agravamento da situação e pela realização – no último dia 26 – da primeira mobilização de rua desde o começo da greve dos professores estaduais. Centenas de ativistas realizaram uma passeata do MASP, na Avenida Paulista, até a Secretária da Educação (Praça da República), quebrando o cerco que a maioria da burocracia sindical tenta impor à mobilização como resultado de sua política de paralisia total diante da pandemia e de colaboração com os governos direitistas “científicos”, os quais os defensores da “frente ampla” com a direita golpista – como o PCdoB, PSOL e direita do PT – defendem como aliados “contra Bolsonaro”.
Liderados pelo PSOL (e sua ala mais direitista nos professores, a Resistência, formada por integrantes da diretoria da APEOESP há mais de 20 anos), estes setores se opuseram à greve. Primeiro, defendendo o seu adiamento, mesmo diante da urgência e gravidade da situação e, depois, defendo sua suspensão.
Perante o avanço da crise sanitária e diante do repúdio da militância à política de fura-greves, alguns setores abandonaram (ainda que temporariamente) a posição de defesa do fim da greve nas últimas assembleias, como no caso do PCdoB e PSTU. No entanto, a Resistência e outros grupos do PSOL, mantiveram essa política de recuo e derrota diante do governo, no momento em que o mesmo se vê cada vez mais isolado e repudiado pela categoria e pela maioria da população.
Nestas condições, a continuidade da greve foi aprovada por ampla margem, da mesma forma que se aprovou a realização de um novo ato-caminhada na Avenida Paulista, no próximo dia 5.
É preciso reforçar os comandos de Escolas, atos de fechamento das escolas com infecção, nas Diretorias de Ensino etc. em unidade com os educadores da rede municipal.
Denunciar a politica genocida do governo e mobilizar nas ruas contra ela. Intensificar a paralisação e, principalmente, realizar atos de rua para mobilizar politicamente contra o governo, são as tarefas do ativismo classista da Educação e de todos os setores que lutam por abrir uma perspectiva independente dos trabalhadores diante da crise.