Jair Bolsonaro declarou, em entrevista à revista Veja, que tem passado noites em claro chorando nesses cinco meses, angustiado. E no programa do reacionário humorista Danilo Gentilli, ele disse que sentar na cadeira de presidente “é barra pesada”, sentindo o peso do cargo.
Em ambas as entrevistas e também em outras oportunidades recentes, o presidente ilegítimo já revelou que não fazia ideia das dificuldades que enfrentaria e reconheceu que não estava preparado para o posto. Um dia desses, Bolsonaro, sentindo-se deprimido e acuado, aparentou chorar em público, emocionado, por meia dúzia de fãs ainda o chamarem de mito na rua.
O lado bom disso tudo seria a constatação – no caso das lágrimas serem verdadeiras – de que os brutos e os mitos também choram, seja lá para que isso sirva.
Cinco meses depois de empossado, ouvir o presidente dizer que chora pelos cantos e dizer que descobriu que não sabia o que era ser presidente, não chega a ser surpresa, já que ele também não sabia se comportar como deputado federal, tampouco como oficial do Exército etc. Nos 28 anos de mandato parlamentar, por exemplo, não teve projetos aprovados e passava as sessões dormindo pesadamente, de boca aberta, como mostram as fotos que o flagraram.
Bolsonaro afirmou, outro dia, em uma solenidade pública na presença de seus ministros e aliados militares, cometendo mais um “sincericídio”, que não nasceu para ser presidente da República, mas sim para ser militar.
Acontece que Bolsonaro está aposentado como militar desde que tinha 33 anos de idade. Porquê? Por terrorismo.
Foi descoberto um plano do capitão Bolsonaro, com esquemas desenhados, de plantar bombas em quartéis e no abastecimento de água do Rio de Janeiro, um verdadeiro motim, como forma de pressão por melhores condições de trabalho e salariais para baixo oficialato.
Jair foi preso e escapou da corte marcial porque alguém no comando das Forças Armadas “passou um pano” no assunto, mas o forçou à aposentadoria quase que por insanidade.
Então ele foi mal militar. Foi mal deputado. Esperava um milagre? A transformação em um estadista? Virar o Lula?
A entrevista em que anuncia o choro, foi divulgada, quem sabe por mais uma das “conhecidências” que envolvem a vida do presidente, menos de 24 horas depois da segunda jornada de manifestações que levaram centenas de milhares de pessoas às ruas contra seu governo, tendo como hino principal “fora Bolsonaro”. Motivos para chorar, portanto, não faltam, ao presidente ilegítimo, cujo governo faz chorar todos os dias milhões de brasileiros lançados no desemprego, na fome e na miséria, pelo regime golpista que ele encabeça, nesse momento.
Tudo bem que o choro é livre e o melhor que o Bolsonaro sabe fazer é chorar mesmo. Mas não vai aliviar muito essa angústia. Em vez de chorar, Jair, pede para sair e volta a jogar vídeo game e passar o tempo no Twitter que vai ser melhor para todo mundo. Não corra o risco do alívio aquoso nas madrugadas passar do choro para golden shower no colchão do Alvorada.