Tão logo Trump anunciou a retirada das tropas norte-americanas da fronteira entre Turquia e Síria, o presidente turco – Tayyip Erdogan – iniciou uma ofensiva naquela região, para expulsar as tropas curdas, que vinham lutando em aliança com os EUA.
O Curdistão é uma área não oficial que abrange partes da Turquia, Síria, Iraque e Irã. A região é povoada historicamente por várias etnias – dentre as quais, os curdos. Para estabelecer controle sobre quatro dos países mais importantes e mais “rebeldes” do Oriente Médio, os governos imperialistas sempre financiaram milícias curdas dispostas a lutar contra os governos centrais. Sob as promessas de que algum dia teriam seu próprio estado e autonomia, alguns grupos curdos acabam se aliando ao imperialismo.
Não é a primeira vez que isso acontece. Os EUA armaram curdos para desestabilizarem o Iraque, desde a década de 1960. Em paralelo a isso, nas décadas de 80 e 90, tendo a Turquia como aliada, os EUA também armavam os governos turcos para promoverem genocídios contra o povo curdo. Não há nada de inesperado nisso. A política imperialista é maximizar o controle sobre a região. É este cálculo que determina qual grupo local será impulsionado ou traído.
A aliança de grupos curdos com o imperialismo prejudica o próprio povo curdo. Novamente a população curda foi deixada à mercê. Sem força para manter bases na Síria, e procurando evitar um desgaste político em ano eleitoral, Trump retira as tropas, abrindo um vazio na região, a ser aproveitado pela Turquia. Erdogan tem consciência de que é muito arriscado permitir tropas curdas próximas à fronteira turca.
A reivindicação curda por autonomia é legítima, mas a aliança com o imperialismo não será o caminho.