Na quarta-feira (17), a Câmara dos Deputados dos EUA votou contra o primeiro pedido de impeachment do presidente Donald Trump, por 332 votos a 95.
Os votos contrários ao impeachment de Trump tiveram a surpreendente adesão do Partido Democrata, dito como opositor feroz às medidas do presidente fascista. Os democratas se juntaram aos republicanos (partidários de Trump), em uma frente única pela permanência do empresário no cargo.
Curiosamente, o pedido de impeachment foi apresentado por um deputado do próprio Partido Democrata, Al Green, e seu partido foi contrário ao pedido. Os democratas norte-americanos, propulsores em todo o mundo da política demagógica do identitarismo, preferiram sustentar Trump contra acusações de seus próprios deputados de que o presidente teria feito declarações racistas contra eles.
Não entrando no mérito se Trump teria ou não sido racista, o fato é que as declarações de Trump são incompatíveis com o cargo que ocupa. No domingo, o presidente dos EUA publicou um comentário em sua conta no Twitter dizendo que as deputadas do Partido Democrata “deveriam voltar aos países de onde vieram” – enfatizando assim seu caráter abertamente fascista, visto também na construção de campos de concentração para imigrantes na fronteira com o México.
A votação contrária ao impeachment de Trump na Câmara demonstra que os democratas são oposição apenas no discurso. Apenas para controlar Trump, para colocá-lo na linha. Como verdadeiros representantes do imperialismo, não lhes interessa uma maior desestabilização do regime político norte-americano. Sabem que, controlando a política de Trump, beneficiarão o domínio mais cômodo por parte dos grandes capitalistas, nos EUA e no mundo.
Os democratas norte-americanos, assim como os “democratas” brasileiros, dão sustentação aos seus respectivos regimes de extrema-direita. No Brasil, o cenário é muito parecido nesse sentido: a oposição parlamentar busca colocar Bolsonaro na linha, não derrubá-lo. Busca estabilizar seu governo para obter maiores benefícios e para que o imperialismo possa melhor explorar a população.
No caso do Brasil, a esquerda que realmente acredita que a solução não passa por controlar Bolsonaro, mas sim derrubá-lo, deve largar as ilusões no Parlamento, controlado pelos sustentáculos de Bolsonaro. Nos EUA, ao que tudo indica, o Congresso também é um sustentáculo de Trump, porque, mesmo que ele não seja o político ideal do imperialismo, sua queda significaria uma crise sem precedentes na política norte-americano, e poderia abrir espaço para uma intervenção mais aberta da classe trabalhadora.