No dia 21 de outubro, o jornalista Alex Solnik publicou no sítio Brasil 247 artigo com o título “É possível derrubar Piñera sem derrubar a democracia?”, sobre os recentes protestos que tomaram conta do Chile nos últimos dias.
Desde o inicio dos protestos, que tiveram como estopim o aumento na passagem do metrôs, a repressão do governo direitista e golpista de Sebastian Piñera já é responsável pela morte de pelo menos 15 pessoas e a prisão de mais de 2 mil. Diante da reação popular, atolada até o pescoço pela política de devastação neoliberal, o governo direitista responde com muita repressão. Estado de emergência decretado, toque de recolher nas ruas, prisões ilegais de lideranças das manifestações em suas casas, denúncias de abusos por parte da polícia e as Forças Armadas nas ruas, pela primeira vez desde que o ditador Augusto Pinochet foi destituído do governo, em 1990.
Diante desse quadro de óbvio enfrentamento entre a população e o governo armado, diante de uma ditadura que se aproxima a cada dia no Chile por parte de Piñera, Alex Solnik tem uma preocupação, para dizer o mínimo, estranha. Conforme já indica o próprio título de seu artigo, Solnik está com medo de que a luta para derrubar o governo golpista da direita não colocaria em risco a “democracia” no Chile. “Tomara que, no afã de derrubar Piñera não se derrube a democracia,” afirma o autor.
O mais correto seria inverter a lógica de Solnik e dizer: “Tomara que, no afã de sustentar a democracia não se mantenha no governo um inimigo do povo”. A frase só não é totalmente correta porque essa democracia na qual acredita Solnik simplesmente não existe. Se se pode falar em democracia, ela está muito distante do que acontece hoje no Chile e na maioria dos países da América Latina – quiçá do mundo. Essa “democracia” não é nada mais do que uma fachada.
Na realidade, essa “democracia” é uma ideologia religiosa que o imperialismo mantêm para justamente servir como um espantalho que bota medo no povo, quando este não aguenta mais a exploração e a opressão e decide partir “para as cabeças”, como se diz popularmente.
É nessa religião que Solnik acaba acreditando, por isso sua preocupação acaba não sendo de como será a melhor maneira de acabar com o governo de Piñera, mas em como preservar a sacrossanta democracia.