O coletivo Democracia Corinthiana, a mais antiga e tradicional torcida antifa do Brasil, emitiu uma nota de esclarecimento ontem com relação às manifestações antifascistas que têm se proliferado pelo país.
Surgido nos anos 80, o movimento Democracia Corinthiana surgiu no interior do time Corinthians e era liderado por um grupo de jogadores politizados como Casagrande, Sócrates Wladimir e Zenon. No período em que funcionou, decisões do clube eram feitas através dos votos de jogadores, técnicos e funcionários, além de ter impulsionado uma posição à esquerda do time, contra a já decadente ditadura militar na época.
O Coletivo Democracia Corinthiana, surgido mais recentemente, procura retomar esse movimento e procurar aglutinar torcedores do Corinthians que queiram lutar contra o fascismo e por pautas democráticas, como a universalização de direitos, e contra a opressão de setores mais vulneráveis da sociedade.
Em sua nota de esclarecimento, o Coletivo expressou apoio às manifestações antifascistas e diz se posicionar a favor da utilização de bandeiras e faixas por parte dos partidos e movimentos de esquerda. Reproduzimos, abaixo, a nota na íntegra:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
O CDC E AS MANIFESTAÇÕES EM DEFESA DA DEMOCRACIA
Em tempos recentes, cidadãs e cidadãos brasileiros têm ocupado as ruas em defesa do Estado Democrático de Direito. Nestas manifestações, repudiam os ataques aos poderes constituídos, assim como os pedidos despropositados de intervenção militar e a criminalização de partidos e movimentos sociais.
Essas ações públicas destinam-se também a contestar o governo fascista e criminoso de Jair Messias Bolsonaro, péssimo gestor da crise do novo coronavírus e promotor de inúmeras medidas de caráter anti-popular, como a supressão de direitos previdenciários, o estímulo à destruição de nossos recursos naturais e o incentivo a condutas de cunho racista, machista e homofóbico.
O CDC esclarece que, enquanto entidade, não organizou nem esteve à testa de nenhum destes atos públicos de natureza antifascista, ainda que muitos de seus membros tenham deles participado ativamente.
Consideramos este levante fundamental para preservar nossa democracia e reconquistar direitos perdidos durante a vigência do governo miliciano. Não podemos entregar as ruas aos radicais de extrema-direita, que apenas propagam o ódio, a ignorância e a desarmonia.
Acreditamos, no entanto, que as manifestações no campo progressista não devem ter donos ou proprietários.
Na sociedade fraterna e solidária que almejamos, valorizamos o protagonismo compartilhado. Nenhum partido, movimento ou coletivo deve assenhorear-se de uma demanda que é de todo o povo brasileiro.
De acordo com nossa visão, inspirada na tradição corinthianista, todos PODEM e DEVEM participar destes atos, logicamente tomando todas as precauções para evitar a disseminação do vírus que provoca a Covid-19.
Consideramos que todos os partidos, sindicatos, associações, movimentos e coletivos podem, sim, empunhar suas bandeiras e vestir suas camisetas durante essas manifestações públicas. Qualquer censura constitui-se em paradoxo e afronta justamente os princípios que norteiam nossa luta por justiça, igualdade e democracia.
Seguimos juntos, irmanados, fazendo a hora, sem esperar acontecer. Viva a unidade dos movimentos progressistas. Contra o fascismo, sempre!