Um dos principais efeitos da crise econômica mundial são as demissões. O Brasil assiste um processo de demissão em massa em diversas categoria. Esse processo é sempre acompanhado de uma manobra patronal que permite que os capitalistas empurrem goela abaixo as demissões.
Um dos principais mecanismo são os famigerados Planos de Demissões “Voluntária” (PDV).
Em diversas categorias, incluindo a dos bancários, onde tal política foi implantada como uma manobra, os trabalhadores pagaram com seus empregos com um único objetivo: favorecer os patrões às custas da miséria dos trabalhadores e suas famílias. No caso dos bancos públicos, a situação se agrava ainda mais, já que os PDV’s visam preparar as empresas estatais para a privatização.
Depois de anunciado o plano de demissão, na semana passada, do Banco do Nordeste, desta vez foi o Banrisul (Banco do estado do Rio Grande do Sul) que, depois de “aprovada” em assembleias virtuais e, contando com a colaboração da burocracia sindical, assinou o acordo coletivo do programa de desligamento voluntário para os bancários “elegíveis”, ou seja, aqueles que se encontram aposentados pela Previdências Social ou que já tenham tempo de contribuição e que preencham as demais condições para se aposentar.
Uma das coisa que mais chama a atenção é o grau da total confusão das direções sindicais (se não for isso a explicação é capachismo aos banqueiros e seus governos, ou algum tipo de oportunismo), quando repetem os argumentos dos patrões para justificar as demissões alegando que se trata de “adequar o quadro de empregados em função das frequentes mudanças decorrentes da digitalização dos processos e da mudança de comportamento dos seus clientes que cada vez menos precisam ir às agências, bem como para atender uma considerável quantidade de consultas sobre a abertura de um PDV, que ofereça condições especiais para desligamento.” (Acordo Coletivo Program de Desligamento Voluntário- PDV)
Até uma criança de 5 anos sabe que essas justificativas dos banqueiros é uma tremenda conversa fiada; que tal política visa única e exclusivamente a obtenção de lucro às custas da miséria dos trabalhadores.
São inúmeros casos que compravam isso. O Banco Bradesco, passado um ano da aquisição do HSBC, abriu um PDV onde demitiu milhares de trabalhadores; da mesma forma foi no Banco do Brasil, quando da aquisição da Nossa Caixa que, imediatamente após a compra jogou no olho da rua 30% do efetivo do banco, ou seja, mais de 4 mil bancários perderam os seus empregos naquele período. Foi justamente por conta dessa política de PDV’s que o quadro de funcionários do BB e da CAIXA foram reduzidos substancialmente. Hoje o BB, que contava com um efetivo de cerca de 120 mil trabalhadores, foi reduzido a menos de 90 mil nos dias de hoje, a mesma coisa acontecendo com a Caixa Econômica Federal.
Os exemplos ilustram os objetivos do PDV. Primeiro os patrões dividem a categoria com o apoio da burocracia, depois os banqueiros demitem os trabalhadores de “forma amigável”, com supostas vantagens, quase sempre mirando o pessoal mais antigo da empresa, com os salários um pouco maiores. Em segundo lugar, o PDV intensifica a exploração. Com a falta de efetivo a empresa dobra a carga de trabalho dos que permanecem. Os novos trabalhadores (quando existe novas contratações) sempre são empregados com salários menores que os elegíveis do PDV. Desta forma os patrões gradativamente rebaixam o piso salarial da categoria, realizando uma economia para a empresa. Em grande medidas os contratados são terceirizados, sem qualquer estabilidade ou direitos trabalhistas, benefícios conquistados durante anos de lutas pela categoria em acordos coletivos, ou seja, enfraquecendo a luta dos trabalhadores.
O PDV no Banrisul, igualmente aos demais, nesse sentido é ao mesmo tempo um ataque econômico e político aos trabalhadores.
Os trabalhadores e suas organizações devem lutar contra as demissões e defender a redução da jornada de trabalho, sem redução salarial, para que todos trabalhem, etc.
A tarefa é realizar, na categoria, uma campanha de boicote aos PDV’s, mecanismo patronal que permite a demissão em massa e, diante das demissões ocupar as empresas. Organizar a luta pelo controle do sistema financeiro pelos trabalhadores. O sistema financeiro capitalistas existe, é óbvio, para atender o interesse “social” dos banqueiros. A ideia de um sistema bancário na mão de banqueiros particulares e seus governos teriam a capacidade de combater a especulação e a corrupção (quando da especulação e da corrupção vivem, se alimentam e retiram seus lucros) não tem fundamento algum. O desenvolvimento só pode vir através da estatização do sistema financeiro sob o controle dos trabalhadores e suas organizações de luta, independentes da burguesia.