O efeito dominó que ocorre quando uma empresa – como a Ford, por exemplo – fecha suas portas e demite milhares de trabalhadores, é devastador. Neste momento, por exemplo, a Arteb, fábrica localizada no ABC paulista, está com seus 800 trabalhadores parados com o aviso de demissão de 25% de seu quadro de funcionários, de um total de 800.
A fábrica de autopeças comunicou a 200 funcionários a dispensa do trabalhado. Desde então, todos os operários decretaram a greve. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a companhia alega sofrer impacto do fechamento da Ford, anunciado no dia 11.
A Direção do sindicato, através do secretário-geral, Moisés Selerges, disse que foi discutido “o futuro dessa planta, que está em recuperação judicial”. Moisés relatou que após uma reunião com a Arteb, seus representantes disseram haver “um contrato com a Fiat para o segundo semestre, a partir de setembro, o que traria um gás para continuar produzindo.”
A Arteb é uma das mais tradicionais fabricantes do mercado de autopeças. Com a chegada da indústria automobilística ao Brasil, em 1959, a empresa – criada em 1934 – começou a fornecer farois para as montadoras. A fábrica de São Bernardo do Campo iniciou atividades em 1967. Está em recuperação judicial desde 2016.
Ontem os trabalhadores, em assembleia do turno da manhã, decidiram manter a produção da Arteb interrompida contra as demissões . “A orientação é continuar com a produção parada. Aqueles que foram demitidos precisam participar das assembleias. Estamos buscando uma saída e uma situação menos traumática possível”, afirmou Moisés.
Os primeiros que pulam fora do navio são os ratos
Diante da crise que vem se aprofundando no Brasil, no governo ilegítimo do fascista Bolsonaro, os patrões que sempre tiveram subsídios, inclusive no período de pandemia – como ocorreu com a Ford, que foi agraciada com mais de R$20 bilhões por vários governos, inclusive o do PT – decidiram, assim como na Mercedes Benz, na Yoki, etc, fechar as portas em determinadas regiões. A Ford, que está saindo do país, está deixando o rastro e, mais de 120 mil trabalhadores, como os operários da Arteb, estarão no rol dos mais de 14,2 milhões de desempregados já existentes no país.
É preciso, antes de mais nada, que as direções sindicais saiam da política de deixar seus sindicatos fechados, em férias, e discutam um plano, em âmbito nacional, com plenárias, assembleias, que a CUT abra uma discussão em todas as categorias de como enfrentar as demissões.
Por uma campanha nacional
A Corrente Sindical Nacional Causa Operária está chamando ao ativismo classista a cerrar fileiras, sair à luta, para colar cartazes, distribuir panfletos contra as demissões e privatizações, defender a redução da jornada de trabalho sem redução de salário e a ocupação de fábricas e locais de trabalho.
É preciso impulsionar essa perspectiva nos locais de trabalho, nas entidades sindicais, nos movimentos de luta, nos bairros operários, entre outros meios, através da constituição de Comitês de Luta contra o desemprego. É a único forma para derrotar a ofensiva dos patrões.