Professores Paraná

Demissão dos 30 mil só será barrada por meio da mobilização!

Assembleia da última quinta se contrapôs à radicalização dos professores e funcionários temporários, é preciso superar o método da conciliação da direção

No último dia 26, foi realizada assembleia estadual da APP Sindicato, que representa os professores e funcionários da escola pública do Paraná. Em pauta estava o edital 47/2020, da realização de prova objetiva para os professores e funcionários temporários, os chamados PSS (Processo Seletivo Simplificado) e a deliberação sobre a realização ou não da greve geral na categoria. Virtual, com baixa adesão e com problemas técnicos sistemáticos, que coincidentemente impediram um debate mais amplo, a assembleia resultou na não aprovação da greve, o que desarma a categoria diante da ofensiva do governo bolsonarista de Ratinho Jr (PSD).

Num momento em que a categoria corre o risco de 30 mil demissões e é empurrada para sua liquidação diante da ofensiva do governo – dado que cerca de 20 mil professores e funcionários serão excluídos da contratação devido a prova para PSS, que só prevê a seleção de 4 mil pessoas e a não renovação dos contratos temporários atuais, que deixará mais 10 mil pessoas sem emprego no final deste ano, em plena pandemia -, o resultado da assembleia foi uma derrota dos professores e funcionários da escola pública no Paraná.

 

O golpe da Assembleia Virtual

 

Em primeiro lugar, é preciso denunciar que a assembleia foi realizada por videoconferência, através do aplicativo zoom. Contou com a participação de apenas 1200 pessoas aproximadamente. Considerando que a categoria tem cerca de 100 mil trabalhadores, apenas 1% participou da assembleia.

Isto evidencia a contradição entre a disposição da categoria, sobretudo dos temporários, que queriam a greve imediata – tendo ocupado a Secretaria de Educação (SEED) por duas vezes e a Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) – e a falta de disposição da direção em levar adiante a luta contra o governo bolsonarista de Ratinho Jr (PSD).

Por isso a assembleia foi virtual. Caso fosse presencial, a tendência seria os trabalhadores aprovarem a greve. Completamente diferente do que é uma assembleia presencial, onde os trabalhadores se enxergam literalmente como um coletivo, a atividade virtual reforça o aspecto oposto, da individualidade de cada um dentro da sua própria casa, sala, etc.

Ao estar num mesmo local, em que os professores constituem uma massa de centenas ou milhares de pessoas, a participação é coletiva, excede as limitações individuais de cada um e se torna um corpo único de trabalhadores daquela categoria. Dentro de seus lares, isolados dos seus pares, os trabalhadores são apenas indivíduos, pressionados pelas conveniências individuais, mais do que pelas necessidades do coletivo. Foi desta forma que prevaleceram os interesses da minoria que controla o aparato sindical e dirigiu os trabalhadores, mais uma vez, a recuarem do confronto com o governo golpista do Paraná, o que resultará inevitavelmente a mais uma derrota.

Apesar de ser dirigida por setores do PT, essa posição e o método de atuação é muito semelhante ao empregado pela Força Sindical na greve dos metalúrgicos da Renault, onde os trabalhadores diversas vezes, em assembleias presenciais em frente a fábrica aprovaram a greve contra as demissões e para driblar a radicalização da base, a direção pelega organizou um acordo na calada da noite e uma assembleia virtual para aprová-lo, resultando finalmente nas demissões e no fechamento do 3º turno da fábrica em São José dos Pinhais e na demissão de quase 800 metalúrgicos. A diferença é que desta vez não é a Força Sindical, é um sindicato de tradição esquerdista, mas também não são 800, mas 30 mil trabalhadores.

Isto mostra que a atividade foi organizada pela direção sindical para impedir a aprovação da greve, pois quanto mais baixa a participação, mais fácil é controlar as discussões e votações, o que de fato acabou por ocorrer. Assim, a greve além de não ter sido aprovada, teve a mobilização dissolvida por um formal “estado de greve”, com indicação de paralisação para o início de 2021.

Desta forma, a categoria saiu da assembleia sem nenhuma medida concreta contra a revogação do edital do PSS, que prevê prova presencial para mais de 47 mil pessoas, no dia 13 de dezembro, mesmo durante a pandemia. Considerando que são oferecidas somente 4 mil vagas e para um ano de contrato apenas.

 

Fora Ratinho, Bolsonaro e todos os golpistas

 

Apesar do recuo, a direção sindical, que sustentou por um longo período a palavra de ordem de Fora Feder (Secretário da Educação de Ratinho), teve que aderir finalmente ao Fora Ratinho, dada a radicalização da categoria, que através da sua mobilização superou a contenção da política reformista e de conciliação com a direita golpista.

Foi na última semana que, diante das ocupações e da tendência ao crescimento da mobilização, que dirigentes estaduais da APP Sindicato, passaram a adotar nas redes sociais a tag Fora Ratinho.

 

Mobilizar contra as demissões

 

A assembleia foi um banho de água fria na radicalização da base, um retrocesso pela greve não ter saído num momento crítico da polarização entre categoria e governo. Entretanto, ela serve como mais um episódio da desmoralização da política de convivência com um governo inimigo dos trabalhadores, da política do diálogo com os fascista, que a direção sindical adotou até o momento.

Diferente disto, durante a votação fraudulenta da militarização das escolas, professores e funcionários de esquerda foram até os colégios, enfrentaram-se com a direita enviada pelo governo e convenceram a comunidade escolar de pais, estudantes, professores e funcionários a repudiarem as “Escolas com Fascismo” de Ratinho. Este exemplo, como o das ocupações da SEED e da ALEP, precisam se generalizar para todo o Estado.

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