Segundo um livro lançado recentemente, o golpista Jair Bolsonaro quase demitiu Sérgio Moro. É o que conta a jornalista Thaís Oyama na publicação, que chegou às livrarias sob o título “Tormenta – O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos”. Quem impediu a demissão foi o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional. Heleno disse a Bolsonaro: “se demitir o Moro, o seu governo acaba”.
O que despertou a ira do golpista na presidência foi o fato de Moro criticar uma decisão de Dias Toffoli, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) relativa ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que beneficiou o senador Flávio Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro. Diante das críticas, feitas publicamente, Bolsonaro queria demitir seu ministro da Justiça do governo.
Esse episódio, além de mostrar mais uma vez Bolsonaro usando seus poderes para proteger a família contra o interesse público, revela o ambiente de permanente crise entre os diversos setores da direita que dividem o poder desde o golpe de estado de 2016. Moro, como representante da Lava Jato, ligada ao imperialismo, representa uma potencial ameaça eleitoral para o próprio bolsonarismo. Os dois, no entanto, são obrigados a continuar convivendo dentro do governo, em permanente tensão.
Esse fato é característico de um governo improvisado como é o de Bolsonaro. O plano original dos golpistas era eleger Geraldo Alckmin, mas tiveram que apoiar Bolsonaro de última hora, evidenciando a crise interna do regime golpista que a direita está procurando estabilizar. As contradições internas dos diversos grupos golpistas que compõem esse governo de extrema-direita devem continuar alimentando crises enquanto o governo durar.
Diante disso, à esquerda cabe aproveitar esse quadro de crise para se mobilizar contra o governo. A direita não vai cair sozinha, por mais brigas que haja dentro do governo. No caso mais extremo, a direita poderia superar essa crise com uma solução à direita. É necessário que a classe trabalhadora entre em cena, indo às ruas contra o governo. Nesse caso a crise interna do governo pode ajudar a derrubá-lo. Esse é mais um elemento, portanto, que torna favorável a luta pelo Fora Bolsonaro! Essa é a palavra de ordem mais popular do País hoje, e precisa ser levada às ruas de forma organizada pelas organizações de esquerda.