Volta e meia surgem figuras da direita, representantes do imperialismo, que tentar surfar na onda das pautas identitárias, na “defesa” dos grupos oprimidos, para tentar ganhar visibilidade como capitalistas mais “humanos”. A demagogia presente no discurso desses demagogos profissionais é recheada de premissas falsas, por exemplo, mulheres da burguesia que discursam em “defesa” das mulheres no geral, quando, na verdade, as reivindicações delas não contemplam a realidade das mulheres da classe trabalhadora. Isso é, basicamente, o que fez a nova chefe do FMI.
Recentemente, Kristalina Georgieva, que ingressou há pouco tempo no comando do Fundo Monetário Internacional (FMI), discursou no primeiro encontro anual do FMI sobre um tema específico, a desigualdade de gênero. Às mulheres da plateia, disse: “nunca aceitem receber menos que seu colega homem para o mesmo trabalho. Nunca”. Ao falar isso, Georgieva ignora completamente a situação das mulheres trabalhadoras e das mulheres pobres que, na maioria das vezes, não possuem independência financeira suficiente para impor suas reivindicações.
Contudo, o discurso perfumado dela, por mais que pareça certo a luta pelo fim da desigualdade de gênero, esconde, sorrateiramente, o objetivo da nova chefe do FMI. Quando disse o por quê de estar falando sobre esse tema, disse: “porque não é só uma coisa boa a se fazer, é também fantástico para se obter melhores resultados”. Mais a frente, continuou: “eu trabalhei mais duro do que qualquer homem só para ser igual. Por trabalhar mais e trabalhar mais duro, eu fui mais longe do que eles. E aqui estou, estou comandando o FMI”. Seu discurso gira em torno da meritocracia e da elevação dos lucros através da armadilha, mascarada de incentivo, que, se a mulheres se esforçarem e trabalharem cada vez mais, ganharão tanto quanto os homens.
A nova comandante do FMI, um órgão que representa genuinamente o imperialismo, que é conhecido por afundar países pobres em eternas dívidas, fala em nome de uma classe privilegiada de mulheres ricas que não precisam passar por duplas jornadas de trabalho, cuidar dos afazeres domésticos, passar pelas explorações e opressões que a sociedade capitalista impõe à mulher. O órgão que ela representa é nada menos do que o responsável pela miséria na vida de milhares de mulheres pelo mundo todo, como pode ela, então, ousar falar que as mulheres devem se impor em seus trabalhos?
São realidades distintas que não serão mudadas enquanto não houver união das mulheres trabalhadoras em torno da luta contra os golpistas que tomaram conta do Brasil, contra os ataques aos direitos das mulheres, contra o imperialismo e pela derrubada do capitalismo. Mulheres como Georgieva devem ser combatidas tanto quanto qualquer outro homem que represente o capitalismo, pois o que realmente conta na luta pela emancipação das mulheres é a questão de classe, não de gênero. Não é mulher por mulher, mas, sim, mulheres trabalhadoras pelas mulheres trabalhadoras, do mundo todo.