Demagogia da globo: especial de Natal com Papai Noel negro
Virada de ano, festejos, comemorações e retrospectivas. Os anúncios de Natal, das lojas, na internet e TV mostram as maravilhas da democracia, das oportunidades, da tolerância, da fraternidade. Jovens, crianças, idosos de diversas raças enfeitam os anúncios e os outdoors pelas cidades.
Nas mídias sociais e nos Shopping Centers, uma profusão de Papais Noéis negros. A população e a esquerda comemoram a “ascensão social do povo negro” , a igualdade racial.
Como não podia ser diferente, na onda do “ Não existe racismo no Brasil”. A rede globo prepara seu esperado especial de Natal com uma legítima representação das conquistas dos negros: Um papai Noel afrodescendente.
Quanta alegria! Quão representativo das conquistas sociais e importante é, e será, este papai Noel para o povo negro Brasileiro, uma verdadeira demonstração dos valores morais da democracia brasileira e do compromisso da rede globo com estes valores.
Mas precisamos quebrar o espírito natalino e falar a verdade: No Brasil existe racismo sim. Um papai Noel negro é apenas uma tentativa de mascarar o fato de que a população negra é excluída e massacrada todos os dias do ano desde que conquistou sua alforria.
Notemos que 75% dos mais pobres são de raça negra, enquanto 70% dos mais ricos são de raça branca, segundo dados do IBGE em 2018, e dois terços da população carcerária é negra. A pobreza entre os negros dobrou nos últimos 5 anos. Estas estatísticas são corriqueiramente usadas para destacar a desigualdade racial mascarando que a desigualdade real é a de riqueza.
É verdade que as chances de uma pessoa negra, qualificada, concorrer em igualdade de condições em uma vaga para emprego, de atendimento ao público por exemplo, com uma pessoa de raça branca são mínimas. Um rápido passeio no centro da cidade e, em uma observação superficial, veremos lindas vendedoras brancas, com cabelos clareados. Olhemos para o lado, e veremos qual a cor da pele da faxineira e dos entregadores. Assim como nos tempos da escravidão, é relegado ao negro os papeis subalternos, os braçais. Ás vezes, uma bela ou belo representante “ afrodescendente domesticado” é colocado em posições estratégicas de visibilidade para dar o tom da democracia racial do Brasil.
É o que faz a globo em seu especial de Natal. Um papai Noel negro, nada mais é que uma dissimulação da realidade. Uma tentativa tosca de confundir a população a esquecer que a emissora foi a principal apoiadora do golpe e do atual presidente declaradamente racista Jair Bolsonaro. Quem não lembra de suas antológicas declarações: “ Meus filhos são bem educados, jamais casariam com uma negra.” Ou então, a proferida em uma palestra para a empresários israelitas no Rio de Janeiro: “ Negro quilombola não serve nem para procriar”.
As citações do presidente golpista são fartas, poderiam render muitas linhas nesta matéria. Porém o que importa neste momento é denunciar a falsidade, a enganação que é esta mentirosa aparência de conquista dada a cada espaço aos negros na mídia brasileira. Conquista real seria falarmos igualdade de condições de vida para a ampla maioria da população brasileira que ou é negra ou é mestiça. Conquista real seria zerar as estatísticas que mostram que os negros são a parcela mais miserável da população. Só conseguiremos igualdade entre as raças se conseguirmos igualdade da distribuição das riquezas. O resto é pura demagogia.