O identitarismo é usado amplamente – pela direita e pela esquerda burguesas e pequeno burguesas – para criar, demagogicamente, um falso ar de igualdade entre os setores mais oprimidos da classe operária dentro do regime, principalmente as mulheres e os negros. Dentro das eleições não é diferente, as cotas raciais e de gênero cumprem esse mesmo papel. No entanto, a realidade é que o quadro destas populações dentro da política continua praticamente inalterado e os mesmos figurões apoiados pela burguesia continuam sendo “eleitos”, dando continuidade a toda a fraude eleitoral.
As mulheres representam 52% da população do país, mas mesmo com os 30% das cotas dedicadas a elas dentro dos partidos, nenhuma foi eleita prefeita nas capitais com mais de 200 mil eleitores nestas eleições municipais. Somente Cinthia Ribeiro (PSDB) foi eleita em Palmas (TO), entretanto a capital tem menos de 200 mil eleitores. Entre as 94 cidades brasileiras com mais de 200 mil eleitores, apenas oito mulheres conseguiram vencer as eleições. Nas câmaras municipais, as mulheres conseguiram ocupar apenas 16% das cadeiras este ano.
Os números são praticamente inexpressivos, mas há ainda outros agravantes, como quais são os partidos que estão ocupando essas cadeiras: em sua esmagadora maioria partidos da direita golpista e da extrema direita, verdadeiros inimigos das mulheres. O identitarismo é utilizado para colocar políticas contra as próprias mulheres e os trabalhadores em prática com a falsa imagem da “representatividade”, sendo que as mulheres operárias e suas pautas não são nem um pouco lembradas ou atendidas por aquelas que teoricamente estariam ali para isso, mas que em sua maioria fazem o jogo da burguesia e do imperialismo, e isso não é um caso isolado das eleições brasileiras.
Outro grande exemplo recente desse tipo de política é o da vice-presidente eleita dos Estados Unidos, a ex-promotora Kamala Harris. Colocada como uma grande representante das mulheres e dos negros, sua trajetória é na verdade de uma a carrasca do negros e das mulheres norte-americanos. Responsável por diversas mortes de presos e do encarceramento da população negra do país enquanto foi procuradora geral do estado.
O que comprova que as cotas para mulheres nos partidos políticos não mudam a situação da luta das mulheres e muito menos a situação política. O regime continua sendo comandado pelos mesmos figurões, financiados e representantes da burguesia. A propaganda identitária é apenas mais uma forma de camuflar a real situação da classe operária no atual momento, onde o regime se endurece cada vez mais e as políticas contra os trabalhadores são cada vez maiores e mais duras.
A participação das mulheres na política, para que isso contribua com a sua luta, só será bem sucedida através da sua organização no partido operário, que é o único capaz de centralizá-la através de um programa que defenda verdadeiramente seus interesses e de todos os oprimidos. Além disso, considerando que são metade da população e constituem a parcela mais oprimida dentro da classe trabalhadora, a participação das mulheres no partido operário é decisiva na luta da classe operária pelo governo dos trabalhadores da cidade e do campo.