Diante das gigantescas mobilizações contra a violência policial, após o assassinato do jovem negro George Floyd nos EUA, as quais tomaram as ruas de vários países, os capitalistas passam a adotar a velha política de fazer demagogia com o povo negro na tentativa de acalmar os ânimos e desviar o foco da luta.
Um exemplo disso foi o anúncio feito pelo presidente-executivo do banco HSBC, Noel Quinn, nesta última semana. Quinn, em um memorando interno, afirmou que o banco pretende dobrar, até 2025, o número de negros nos cargos de chefia da instituição. Uma política geral dos capitalistas. Há duas semanas atrás, os donos da Uber também afirmaram que pretendem triplicar o número de negros nos cargos de chefia da companhia.
Um primeiro ponto a se destacar é o caráter abertamente demagógico desse tipo de política. O maior ou menor número de negros nos cargos de chefia dos bancos e grandes empresas não irá contribuir em nada para a diminuição do racismo, muito menos para o fim da opressão contra os negros. Pelo contrário, estes problemas tendem a se aprofundar ainda mais com a acentuação da crise capitalista. Bancos como o HSBC e empresas como a Uber tendem a intensificar a suas políticas de rapinagem e ataque as condições de vida e trabalho, em particular dos negros, na tentativa de salvar a pele dos próprios capitalistas.
Este tipo de política também não irá por fim ao genocídio do estado capitalista contra os negros. Tanto a exploração, quanto a violência contra o povo negro é parte da luta de classes, ou seja, é parte essencial da política da burguesia imperialista contra os setores oprimidos.
A maior atribuição de cargos de comando para os negros nestas empresas, em primeiro lugar, é uma tentativa dos capitalistas de corromperem uma parcela ultra minoritária dos negros, dando a eles maiores salários e regalias.
Trata-se também da tentativa de desviar o foco das mobilizações, transferindo este da luta contra o estado capitalista, o imperialismo, para a luta por uma maior inserção do negro no completamente falido modo de vida capitalista, uma maior participação de uma minúscula parcela nos postos de comando.
Neste caso, vemos também o quão reacionária é a chamada política identitária. Aqui ela é defendida pelos próprios capitalistas contra a tendência de radicalização e luta do movimento negro. O identitarismo, neste sentido, é uma política de ataque dos setores mais reacionários contra os setores mais combativos da sociedade.
É preciso não se confundir com esse truque dos capitalistas e ter claro que a úncia saída para o fim da opressão contra os negros é a derrota do imperialismo e do regime capitalista como um todo. É necessário levantar um programa democrático para os negros. que tenha dentre os pontos principais, o fim de todo o aparato repressivo do estado e a isonomia salarial.