Recentemente, o tema da defesa dos direitos à Saúde da população LGBT foi colocado em pauta pela esquerda pequeno-burguesa no segundo turno das eleições municipais. O tema apareceu após a denúncia do SINDSEP-SP, Sindicato dos Servidores municipais de Sâo Paulo, em que o atual Prefeito da capital Bruno Covas alterou a administração da Unidade Básica de Saúde/AMAE Santa Cecília, colocando-a sobre a gestão de uma OSS, o IABAS, o que na prática é a organização de empresários ligados ao governo municipal, e portanto, privatização. Obviamente, a situação caminha para o aprofundamento das péssimas condições e serviços prestados pelas unidades que tratam da população LGBT.
Assim sendo, o SINDSEP partiu em defesa tímida dos LGBTs por meio de uma nota que denuncia a situação e o projeto privatista sobre a unidade, além de compor um vídeo com relatos de alguns usuários e funcionários que relatam as condições deterioradas do trabalho e do atendimento. Como sempre, a oposição à “destruição” da saúde propõe, implicitamente e em clima histérico, que a solução para os problemas está na “vitória” da esquerda nas eleições e na “derrota” dos planos da direita. É uma política de arrastar á força a luta da população para as eleições, sobretudo, vinda de sindicatos que permaneceram fechados durante quase toda pandemia à despeito dos trabalhadores.
No entanto, como é comum e rotineiro para os que necessitam do suporte e serviços de saúde prestados por essas unidades, o sucateamento é algo anterior, precedendo até mesmo as gestões moderadas do petista Haddad na Capital. Ou seja, não é de hoje que parte da população sofre com a falta de acesso à saúde. Porém, cabe ressaltar a limitação da defesa da esquerda, que não é uma verdadeira defesa, e também dos projetos para a população LGBT, que para em sua maior parte, resume-se a uma esmola da gestão municipal. Daí observamos o resultado: a região Central da Capital possui, segundo levantamento censitário de 2010, quase meio milhão de pessoas. Segundo a própria nota da SINDSEP, a unidade da Santa Cecília é a única unidade da região que atende a população transexual. Fica claro que sempre faltou acesso à população.
Ao pensar somente na gestão municipal, sem adentrar nos problemas fundamentais e políticos do Estado Capitalista, a esquerda faz demagogia com as esmolas que oferece à população e que nem mesmo consegue manter diante da pressão da direita. É preciso dizer o óbvio, não é o governo da esquerda de São Paulo, que será um governo igual ou pior que os demais governos direitistas tradicionais da cidade, que resolverá o problema da população LGBT, nem mesmo poderá impedir os avanços da direita sobre a administração pública.
A cidade, assim como todas ou quase todas as cidades do Brasil, possuem um baixo número de médicos, possuem um nível de especialização que não atendem as necessidades de várias parcelas significativas da população, como as mulheres, as crianças, os portadores de necessidades especiais, a população LGBT, entre outras. Para a esquerda satisfeita, a solução é o tempo e a pequena oportunidade para formação de médicos, e não a reivindicação do controle popular da saúde e dos serviços sociais em um governo do povo. É essa política moderada e capituladora que propicia o crescimento da direita e os ataques aos LGBTs.
É preciso esclarecer que restringir a luta nas eleições é a receita para o fracasso na luta contra o golpe, contra a direita e pelos direitos de todas as parcelas esmagadas da população. É preciso denunciar essa demagogia barata da esquerda que, em sua quase totalidade, não só não fizeram coisa alguma que valha, como também se impõem sistematicamente como um obstáculo à independência política da população pobre que usufrui dos serviços municipais. É preciso lutar de forma honesta, sem demagogia, pelos direitos e serviços essenciais à população LGBT e também pelas reivindicações essenciais para o combate da direita, como o Fora Bolsonaro e todos os golpistas!