Na última sexta-feira (3), o presidente norte-americano, Donald Trump, em comício de campanha por sua reeleição, criticou a política identitária que defende a derrubada de estátuas:
“Há um novo fascismo de extrema esquerda que exige lealdade absoluta. Se você não fala sua língua, executa seus rituais, recita seus mantras e segue seus mandamentos, então você será censurado, banido, colocado em uma lista negra, perseguido e punido. Não vai acontecer conosco.”
Obviamente, essa é mais uma das inúmeras declarações demagógicas de Donald Trump. O presidente norte-americano não engana ninguém com seu discurso contra o fascismo: ele próprio é um fascista e defendeu, no comando de seu país, uma série de medidas tipicamente ditatoriais contra seu povo. Durante as recentes manifestações populares, Trump pediu ajuda das Forças Armadas para reprimir a população e propôs que os antifascistas fossem considerados terroristas. O tratamento dado aos imigrantes revela, também, o caráter fascista da política de Trump.
O que merece destaque, no entanto, são os motivos que permitem Trump fazer esse tipo de demagogia. Com efeito, há um setor da esquerda internacional que, embora minoritário, tem defendido, alcançando alguma repercussão, uma política moralista e reacionária em torno da derrubada de monumentos.
Segundo esses setores, uma parte significativa dos monumentos em todo o mundo deveriam ser derrubados ou, ao menos, removidos de locais públicos. Explicamos, em diversas oportunidades, que defender esse tipo de política seria um tremendo erro tático: o que tem levado o povo às ruas em todo o planeta é o interesse concreto em derrubar seus governantes. Isto é, os representantes da classe dominante, responsáveis por promover a política neoliberal.
Não bastasse o caráter diversionista desse tipo de política, a defesa da derrubada de monumentos, sobretudo na maneira como aparece neste momento, pode levar, também, a um precedente bastante perigoso. De acordo com os identitários, os monumentos deveriam ser derrubadas por motivos puramente morais: deveriam cair os”racistas”, os “assassinos” etc. No fundo, as estátuas deveriam cair porque algum grupo tem alguma discordância com a figura que ali está representada.
Esses pretextos morais, que prometiam livrar a humanidade do “mal”, da “ignorância” ou do “ódio”, foram utilizados massivamente para atacar todo tipo de produção cultural. Não só monumentos e obras de arte, como cientistas caíram em desgraça por causa dos critérios da Igreja Católica ou da Alemanha Nazista.
Essa política, que revela uma completa desorientação por parte da esquerda, não só leva a uma confusão no interior da esquerda, como efetivamente contribui para que a direita possa se apresentar como defensora da cultura. Um verdadeiro escárnio. É preciso, portanto, ter uma política oposta à dos identitários: defender a cultura e toda a produção da humanidade de maneira intransigente. Isto é, organizando os trabalhadores para derrubarem os seus inimigos que, hoje, estão no poder.