Com 35 anos, natural de Goiânia, capital de Goiás, o candidato do PCO às eleições municipais concedeu esta entrevista ao Diário Causa Operária.
Diário Causa Operária – Como você conheceu o PCO?
Vinícius Paixão – Há muito tempo, em 2008, eu lia os jornais que os militantes deixavam nas bancas, onde eu os comprava. O Partido tinha uma inserção muito forte junto aos Correios e também com as questões estudantis, eu era estudante e lia no jornal sobre a luta pelo poder estudantil, a crítica à burocracia acadêmica. A militância, contudo, começou em agosto de 2018, antes das eleições para presidente e governador, em plena luta contra o golpe e pela liberdade de Lula.
DCO – Foram então 10 anos entre conhecer o Partido e se filiar, o que te motivou a militar pelo PCO?
Vinícius – A motivação veio da crise das instituições, a ênfase nos problemas da burocracia, haviam os problemas da esquerda na eleições também. À crítica da burocracia universitária, que eu conhecia da época do movimento estudantil, somou-se minha concordância com as teorias do Partido a respeito do Programa de Transição e da Revolução Permanente, como caminho para avançar a construção do socialismo. Essa, inclusive, é a base teórica do nosso programa a ser apresentado nas eleições, enfatizando a importância da estatização dos serviços essenciais e estratégicos e defender da ascensão política da classe trabalhadora, através de conselhos, da superação do sindicalismo burocrático. Esses são os motivos que me levam a construir, junto aos companheiros do Partido, caminhos mais à esquerda do que o do restante das organizações (de esquerda), que adotam um comportamento profundamente centrista. O PCO é quem tem um programa revolucionário, diferentemente dos partidos pequeno burgueses da esquerda que não tem uma perspectiva de luta e transformação social permanente.
DCO – Você conheceu o Partido na universidade mas atualmente, qual a categoria em que você se insere?
Vinícius –Trabalho no campo da educação municipal, na área administrativa em um CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil). Participo das assembleias da categoria, muitos são militantes do PT, simpatizam com a nossa política e participam dos comitês por “Lula Livre” e por “Fora Bolsonaro”.
DCO – E como você vê as dificuldades enfrentadas pelos profissionais da Educação em Goiás.
Vinícius – Retomamos os trabalhos presenciais, em plena pandemia, duas vezes por semana somos obrigados a ir às escolas para não fazer nada, como dizemos, “recebendo mosca na testa”. Nos grupos já aparecem companheiros do administrativo reportando contágio pelo Covid-19 e nem os testes a prefeitura garante aos profissionais. Ainda, logo no começo da pandemia, a prefeitura suspendeu os salários de 3 mil contratos temporários, afetando principalmente a Educação. O sindicato praticamente fechou as portas, limitando-se ao atendimento on line e continuam na política do “fique em casa”.
DCO – Como anda a situação do estado sob o governo de Caiado?
Vinícius – A família dele passou a dominar a política do Estado ainda na primeira década do século 20, então é uma oligarquia dominante há mais de 110 anos. É uma família de latifundiários que controla o aparelho do Estado e Caiado representa a atualização do coronelismo em nossa época, uma figura muito comum aqui, no MT e no MS, um fazendeiro com milícias que expulsa as famílias camponesas ao redor de suas terras. Aparecendo como “científico”, Caiado “rompeu” com Bolsonaro no começo da pandemia, chegando a aparecer em uma manifestação bolsonarista para, de modo um tanto teatral, acabar com a mesma, dizendo que não precisava de votos da extrema-direita. O rompimento deu lugar uma profunda guinada, com a reabertura praticamente total das atividades econômicas e uma reconciliação com Bolsonaro, dizendo agora que este é o governo que mais investiu em Goiás.