Depois do primeiro turno os militares concluíram uma fase importante do golpe: conquistaram concretamente todos os três poderes. Com o impeachment da Dilma entrou Temer, e Sergio Etchegoyen foi nomeado como Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, e desde então é o verdadeira presidente da república. Os demais ministérios foram sendo ocupados gradualmente desde 2016, assim como a ocupação militar de três capitais, dentre elas o Rio de Janeiro, segundo polo econômico do país, concretizando os militares no poder executivo.
No dia 13 de setembro, Dias Toffoli tomou posse da presidência do Supremo Tribunal Federal que a mando dos militares nomeou como seu assessor Fernando Azevedo e Silva, um general do exército. Por último legislativo foi conquistado após o primeiro turno fraudulento das eleições, onde uma enorme bancada militar foi eleita ao congresso com votações altíssimas e inexplicáveis. Esses candidatos não eram apontados em nenhuma pesquisa e mal se viu a campanha deles na rua: uma fraude total.
O decreto n°9527 marca uma nova etapa do avanço militarista no Brasil que é a de combate institucional efetivo à esquerda. Em termos comparativos é um novo AI-5, ele cria uma “Força-Tarefa de Inteligência para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil” um verdadeiro DOI-CODI com meios de monitorar de perto e minuciosamente a esquerda brasileira e que será composto por todos os órgãos de repressão do Estado. Segundo o decreto a força-tarefa deverá “analisar e compartilhar dados e de produzir relatórios de inteligência com vistas a subsidiar a elaboração de políticas públicas e a ação governamental no enfrentamento a organizações criminosas que afrontam o Estado brasileiro e as suas instituições.”.
Os órgãos que participarão da Força-Tarefa são:
I- Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, que o coordenará, ou seja, Sergio Etchegoyen estará no topo da pirâmide;
II – Agência Brasileira de Inteligência;
III – Centro de Inteligência da Marinha do Comando da Marinha do Ministério da Defesa;
IV – Centro de Inteligência do Exército do Comando do Exército do Ministério da Defesa;
V – Centro de Inteligência da Aeronáutica do Comando da Aeronáutica do Ministério da Defesa;
VI – Conselho de Controle de Atividades Financeiras do Ministério da Fazenda;
VII – Secretaria da Receita Federal do Brasil do Ministério da Fazenda;
VIII – Departamento de Polícia Federal do Ministério da Segurança Pública;
IX – Departamento de Polícia Rodoviária Federal do Ministério da Segurança Pública;
X – Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Segurança Pública; e
XI – Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Segurança Pública.
Será o próprio Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Sergio Etchegoyen que designará em ato os representantes que participarão da força-tarefa até o dia 25 (10 dias após da publicação do decreto), e que redigirá a Norma Geral de Ação que definirá a atuação da FTI.
A esquerda deve se preparar para enfrentar uma nova fase do golpe, muito mais agressiva, repressiva e nociva para a esquerda. Se não houver organização e lucidez de que o perigo não está na possível eleição de Bolsonaro mas sim nos militares por trás das cortinas, afundaremos cada vez mais num buraco a fortes golpes de coturnos.
Contra os fascistas nas ruas comitês de auto-defesa, contra os fascistas no poder uma esquerda unida na luta contra o golpe.