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Frente amplista

Declaração de Haddad vai na contramão das posições de Lula

Colocar uma empresária bilionária vai desmoralizar uma parte das pessoas e toda a militância que lutou contra o golpe de Estado

Nesta quarta (24), em entrevista ao Estadão, Fernando Haddad afirmou que parte do Partido dos Trabalhadores (PT) defende o nome da capitalista identitária Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, como candidata a vice na chapa presidencial do Partido em 2022. Já em entrevista à Rádio Super de Belo Horizonte, ele disse que

tem gente no PT que tem saudade da dupla Lula-Zé Alencar. Ele foi a prova que um grande empresário pode ter compromisso com o País e ter responsabilidade social. Tem gente que acalenta o sonho de termos um vice assim.

As declarações do petista se chocam frontalmente com o ex-presidente Lula, que tem se posicionado em direção a um confronto com os golpistas, não à conciliação.

Haddad está baseado na perspectiva política da ala direita do PT, expressa no posicionamento do vice-presidente do Partido, Washington Quaquá, que disse recentemente ao Estadão:

“Precisamos nos reconectar com o empresariado que tem relação com o mercado interno e com o eleitor de centro, para formar maioria, ganhar e governar… Acho uma super chapa: Haddad/Luiza Trajano.”

Ficam evidentes  as contradições entre Haddad e Lula, as diferenças entre as posições dos dois.

 

Frente Popular 2002 e Frente Ampla 2022

 

A posição da ala direita do PT é a de que ao se apresentar como um partido ultra moderado, que tem como candidata a vice uma capitalista de confiança da burguesia, o partido novamente seria aceito para administrador o Estado capitalista, como o fez a partir do 1º governo Lula, em 2003, uma consideração que não leva em conta a diferença da situação do começo do século e dos dias atuais.

Em 2022, diante da destruição causada pelos governos neoliberais de FHC (PSDB) e a tendência a revolta popular generalizada, como ocorreu em outros países latinos (Argentina, Venezuela, Bolívia etc.), a burguesia fez um acordo com o PT, que se expressou na chapa Lula-Alencar, em que programas sociais seriam permitidos, desde que a condução da economia capitalista permanecesse intacta, o que se garantia também na indicação da burguesia dos ministros em posições chaves, como o caso de Henrique Meirelles, no Banco Central.

Essa condição para a conciliação, não existe mais. Não porque o próprio PT tenha alterado sua política, mas sim porque a própria burguesia desfez o pacto de maneira agressiva, com o golpe de Estado de 2016. Desde então, a burguesia passou a atacar frontalmente o PT e a fazer de tudo – Lava Jato, STF, ameaças dos militares – para que o Partido não voltasse ao poder. Logo, independente de quanto Quaquá e Haddad, elementos da ala direita do PT queiram, as condições para a política de conciliação de outrora, já não existem mais. O que há são apenas ilusões de que é possível aplicar a mesma política de conciliação no período da polarização resultante do golpe de Estado.

Em 2002 eles colocaram Alencar porque um setor da grande burguesia autorizou a eleição de Lula e escolheu um setor mais fisiológico para compor o governo Lula que, nestas condições,  funcionou como bombeiro para a situação do País.

Diferentemente da política de conciliação, que o próprio Haddad procurou aplicar, como prefeito de São Paulo – quando ficou, por exemplo, ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), Dante dos protestos contra o aumentos das passagens, duramente reprimidos pela PM tucana – e como candidato em 2018, a burguesia e a direita fazem justamente o contrário. Diante do risco da volta da esquerda ao poder, apoiaram a extrema direita e escolheram Bolsonaro como o grande beneficiário da fraude eleitoral. Ou seja, em 2002 a burguesia deixou o PSDB temporariamente de lado para apoiar o PT. Em 2018 a burguesia deixou o PSDB de lado para junto com os tucanos apoiar o Bolsonaro. Tudo indica, inclusive, que isso poderá ocorrer novamente em 2022, se a disputa ficar entre PT e Bolsonaro.

Isto ficou claro também nas eleições do Congresso. O centrão abandonou a candidatura de direita e apoiou os candidatos do Bolsonaro. Com a anuência da Forças Armadas, Bolsonaro é uma aposta lógica. Ele fecha acordo com facilidade com setores da burguesia.

Desde 2016 a burguesia imperialista impôs um veto ao PT e a burguesia nacional não tem condições de enfrentá-la. Por isso, as declarações de Haddad – de quem Lula, disse em uma oportunidade, ser “o mais tucano dos petistas”- que vão no sentido de tentar ganhar a eleição se apresentando como um João Doria (PSDB), não faz sentido algum, pois o PT não é um partido de direita, que vai ser aceito e apoiado pela burguesia nas condições atuais.

Como disse o próprio ex-presidente Lula, em entrevista à Folha/Uol, a “terceira via” (que vai de Ciro Gomes ao PSDB) decidiu votar em Bolsonaro em 2018. Logo, a campanha de Haddad de uma chapa centrista se coloca na contramão de Lula e da própria realidade política. Ao invés de insistir nessa política capituladora, ele deveria defender a candidatura do próprio Lula, que segue com seus direitos políticos cassados pelos golpistas do STF.

Como o cenário de polarização mostra, a candidatura do PT tem que apostar na mobilização contra a direita e a extrema direita. A esquerda só tem como ganhar contra toda a burguesia, com uma pressão das massas, a única forma de impor uma derrota à burguesia, que deu e mantém o golpe de 2016.

Haddad tem uma ideia ultrapassada de que basta colocar um empresário na chapa para que o PT tenha o apoio da burguesia. Mas a burguesia quer apoiar o PT? De onde vem essa constatação? Essa política na verdade apenas leva o Partido a fazer acenos muitos maiores à direita. Colocar uma empresária bilionária vai desmoralizar uma parte das pessoas e toda a militância que lutou contra o golpe de Estado. A candidatura do PT só pode ser uma candidatura de luta, do movimento operário contra a direita.

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