A reabertura da discussão sobre a prisão em segunda instância pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em meio a crise da ala lavajatista da politica nacional é mais um sintoma da divisão da burguesia. A questão da execução de pena antes do trânsito em julgado é um dos pilares de sustentação da própria operação Lava-Jato que prendeu um ex-presidente, o Lula, e persegue diversos outros setores da própria burguesia nacional. Dessa forma, tendo fortes relações com a burguesia nacional, Dias Toffoli e o próprio Ricardo Lewandowski, fazem o papel de democratas colocando novamente essa questão em debate no segundo semestre de 2019. A retomada da discussão da prisão em segunda instância, portando, vai na mesma linha do vazamento dos documentos que desmascaram Sérgio Moro, os quais provam a articulação política do juiz do TRF4 de Curitiba, junto a Dallagnol (o relator do caso) para a execução da dita “operação de combate a corrupção” que já possuía seus réus condenados a priori.
Nas três situações anteriores em que a pauta foi debatida no STF, ganhou a posição lavajatista da prisão em segunda instância. A retomada da questão a partir da crítica das posições anteriores, portanto, mostra uma mudança do jogo de forças dentro do STF e da própria burguesia.
Com o governo Bolsonaro em crise, toda a sua base ligada ao golpismo imperialista se enfraquece, dando espaço para a disputa interna de setores até então enfraquecidos pelo insucesso do governo Temer. Dessa forma, a ala da burguesia hoje em ofensiva é a mesma ala golpista que articulou o golpe em 2016 e foi traída pelo imperialismo norte-americano – haja visto a prisão política do próprio Michel Temer.
De maneira analítica, a operação lava-jato representa os interesses do imperialismo norte-americano em solo brasileiro. Dessa forma, além do seu eixo persecutório contra a esquerda nacional – Lula e o PT, principalmente; ela também ataca diversos setores da burguesia nacional, a qual tem seus interesses econômicos atrelados ao desenvolvimento de um mercado interno em detrimento a política de terra-arrasada então imposta pelo imperialismo.
Nesse sentido, clarifica-se as possíveis confusões oriundas do benefício político a esquerda em uma ação política da burguesia nacional. Essa situação, contudo, é uma excessão e não justifica uma possível política de frente ampla entre os setores da burguesia e da esquerda brasileiras. Nessa situação, a ação da esquerda deve ser a de aproveitar a crise da classe dominante para fortalecer a luta social por Fora Bolsonaro a fim de impor a derrocada ao governo golpista de conjunto.