As eleições municipais de 2020 tem servido para os partidos da esquerda pequeno-burguesa buscarem uma maior integração no jogo de alianças, buscando como se diz um lugar ao sol no regime golpista. O mais festejado pela imprensa é evidentemente o Psol, que tem inclusive encabeçado frente com partidos burgueses em coligações em Belém, Manaus e Florianópolis. O PCB tem seguido caninamente essa política de conciliação com os golpistas, do seu aliado preferencial.
Dessa forma, o PCB, apesar do discurso em defesa do “poder popular” e contra a “conciliação de classe” do PT e PCdoB não somente tem adotado a mesma política de “frente ampla” do PSOL, como tem feito aliança inclusive com partidos que apoiaram o golpe em 2016 como a Rede e o PDT, em cidade como Manaus.
Setores da esquerda reformista com a direita do PT e o PCdoB usam a máxima de que é preciso “virar a página do golpe” para justificar o “esquecimento” do que fez os partidos tradicionais da burguesia e seus consortes que promoveram o golpe contra Dilma, para com isso estabelecer acordos, usando como justificativa a necessidade da “união” de todos contra Bolsonaro.
Durante o golpe de Estado de 2016, o PCB procurou se esquivar que qualquer posicionamento, mas no fundamental negou que havia um golpe em curso, e se recusou a lutar contra a direita. Neste sentido, não tem página para virar, trata-se tão somente de uma tentativa de se aproveitar da política da burguesia de favorecimento de setores anti petistas da esquerda.
Em 2002, o PCB apoiou o PT, apesar da coligação com a direita, naquela oportunidade a participação do PCB na frente popular estava relacionada com o fato que o PT era apoiado pela burguesia. Em 2016, o PCB recusou-se a defender o governo do PT pois a direita estava golpeando o governo. Agora integra coligação com partidos que apoiaram o golpe como a Rede e o PDT.
O PCB se recusou a fazer uma frente de luta contra o golpe e pela liberdade para o ex-presidente Lula, uma frente de lutas nas ruas entre os partidos de esquerda e os movimentos sociais. Porque seria “governismo” e ficar à reboque do PT – como acusavam o PCO.
Só que depois do golpe o partido evoluiu de uma política ultraesquerdista para uma posição direitista e ultraconciliadora, fazendo alianças com o próprio PT e até mesmo com a Rede e o PDT.
Mas o pior de tudo isso não são as alianças em si mas para que elas servem: antes se recusava a aliar-se com o PT para lutar nas ruas contra o golpe, agora alia-se ao PT e a partidos golpistas para supostamente vencer a extrema-direita no âmbito institucional, nas eleições. Ao invés de participar de uma frente única da classe operária, participa de uma frente ampla eleitoral e oportunista.
O PCB se reivindica um partido revolucionário, mas não consegue agir sem ficar a reboque de alguém, ora a reboque da pequena-burguesia, ora a reboque da própria burguesia (como na aliança com a Rede e o PDT de Ciro Gomes). Entrando na frente ampla com meros objetivos eleitorais, após largar uma frente com a classe operária. Isso não é um partido da classe operária que luta por sua independência e revolução, mas um partido que se integra cada vez mais ao regime burguês dominado pela extrema-direita.