Se há atualmente um termo em voga nas discussões políticas, esta palavra é: fascismo. Sabe-se que o termo surgiu na Itália. Mas seriam todas as ditaduras contrarrevolucionárias fascistas? Seria então a ditadura espanhola de Primo de Rivera (1923–1930) uma ditadura fascista? Seriam também fascistas as ditaduras de Franco (1939–1975), Pinochet (1973–1990) e de Jorge Rafael Videla (1976–1981)?
Na Itália, o emblema do partido nacional fascista era o fascio littori. Da palavra italiana Fascio, referente a um feixe de varetas em torno de uma estaca que sustenta uma machadinha – símbolo do poder que desde o império Romano fez parte das armas dos soldados de escolta das autoridades, chamado de lictor. Sendo o número de lictos, condizente ao referido posto.
Não por acaso, as formações paramilitares engendradas na Itália logo após o fim da Primeira Guerra Mundial, e que levaram Mussolini ao poder se chamaram fascio di combatimento, ou “feixes de combate”. Foram essas milícias paramilitares compostas por quarenta mil “camisas negras” (pois, assim trajavam-se) que, em 1922, marchando sob o lema “crer, obedecer, combater”, cercaram Roma, e – através de um golpe – nomearam Mussolini como chefe de Estado. Naquele momento, mesmo financiado por grandes capitalistas, o movimento do fascismo foi espontâneo de amplas massas, revelando novos líderes de base. Nesse ínterim, Mussolini surge como o dirigente mais destacado deste movimento; amparado pela pequena-burguesia, do lumpemproletariado e, até certo ponto, da massa proletária.
O comunista italiano Ercoli (que dirigiu o partido comunista italiano após a morte de Grasmsci) acertadamente traduz o fascismo da seguinte forma: “a essência e a função do fascismo consistem em abolir completamente as organizações operárias e em impedir o seu restabelecimento”. O fascismo surge da bancarrota da democracia, donde as classes dominantes já não retiram do seu incipiente caldo, as bases de sua sustentação.
A crise do capitalismo vem desde a década de 1970 acumulando nuvens tempestuosas que – ao fim e ao cabo – recaem sobre a cabeça da classe trabalhadora. Se em períodos de calmaria as ondas não viram o barco, na tempestade, os pesqueiros se lançam em profundidade. Assim como as leis físicas têm seus fundamentos, o materialismo histórico nos permite analisar os movimentos sociais. Enquanto a pequena-burguesia integra a base genuína do fascismo, a social-democracia se ampara na classe operária. Diante da crise atual, portanto, do esgotamento da via social-democrata, torna-se tarefa candente dos movimentos de esquerda a luta contra a extrema-direita.
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