A polarização política crescente no Brasil tem sido a grande preocupação da burguesia. Um país polarizado é um perigo para a estabilidade política que a burguesia precisa para manter seu controle político e econômico. Antes de qualquer consideração, no entanto, é preciso ter claro que a real preocupação da burguesia não é com a polarização em abstrato, mas com o crescimento das tendências revolucionárias do povo que resulta da polarização.
A presença da extrema-direita e sua política de extermínio da população só é motivo de preocupação para a burguesia na medida em que essa política estimula o polo oposto, que cresce. O fascismo, portanto, só é um perigo para a burguesia nesse sentido. Isso significa que com o avanço da situação política, a burguesia pode lançar mão da extrema-direita contra o povo, como uma maneira de frear o desenvolvimento das tendência revolucionárias.
A polarização política, portanto, é um fenômeno “natural” da atual etapa do regime capitalista. A burguesia, entanto, tenta controlar a extrema-direita ao mesmo tempo em que procura atacar e destruir as organizações operárias e com isso acaba inevitavelmente desenvolvendo a extrema-direita.
A direita tradicional, ou seja, os principais setores da grande burguesia, seus partidos e a imprensa golpista, é a principal responsável pelo crescimento da extrema-direita no Brasil e como consequência pela presença de um elemento fascista no governo. Portanto, a campanha contra a polarização é, antes de mais nada, uma tentativa de jogar areia nos olhos da população sobre o que realmente está acontecendo.
Os elementos da esquerda que tem se esforçado contra a polarização estão servindo o interesse da burguesia que não quer que o povo reaja contra os ataques que vêm sendo desferidos. É isso que fez Marcelo Freixo ao participar de um programa com Janaína Paschoal em um canal do YouTube ligado ao PSDB: uma demonstração extrema de subserviência à política da burguesia.
Prova de que a burguesia está preocupada com a polarização é a matéria do Estado de S. Paulo do último dia 19 chamada “Nem esquerda nem direita”. Segundo o direitista representante da burguesia e um dos principais articuladores do golpe de Estado os governos do PT e agora Bolsonaro seriam iguais ao defenderem uma ideologia ao invés de uma política voltada aos interesses do povo. Puro cinismo!
No fundo, ao dizer que não é nem esquerda nem direita o Estadão está pedindo para que a esquerda deixe de ser esquerda enquanto a burguesia pode continuar atacando os direitos dos trabalhadores à vontade e falando sempre em nome do povo.
Não à toa, João Doria declarou exatamente a mesma coisa recentemente, o que mostra que toda a direita se esforça para neutralizar a polarização política.