Na próxima sexta-feira (21), completam-se 80 anos do assassinato de Trótski, um dos maiores revolucionários da história, um homem cuja capacidade intelectual e prática foi reconhecida por todos seus inimigos. Trótski passou os últimos anos de sua vida lutando para defender o legado da revolução da qual foi, junto à Lênin, a figura mais importante, e morreu covardemente assassinado a mando de Stálin.
O Partido da Causa Operária (PCO) fará, ao longos dos próximos dias, uma homenagem ao revolucionário marxista e publicará, através deste Diário, uma série de textos de sua autoria e sobre sua vida. Este será o primeiro de uma série de três artigos que abordarão a vida e a obra Lev Davidovich Bronstein (Leon Trótski), e servirá como uma introdução aos outros dois.
Uma vida dedicada a revolução
“O dever de todo revolucionário é fazer a revolução“ é uma citação muito conhecida do revolucionário brasileiro Carlos Marighella e, embora seja uma simplificação cuja formulação está ligada ao foquismo, não há nada de errado nela. Podemos inclusive usá-la para caracterizar a vida de Trótski.
Nascido dia 26 de outubro, em Ianovka, uma pequena aldeia ukraniana, filho mais novo de um camponês judeu bem sucedido, Lev mostrou seu brilhantismo desde cedo, destacando-se nos estudos, e cedo também mostrou sua veia revolucionária ao ingressar em um grupo de discussão socialista narodnik (grupo de socialistas-revolucionários cuja tradução seria populistas) em 1896. No ano seguinte impulsionaria a criação da União Operária do Sul da Rússia, um grupo de aproximadamente 200 operários, e seria preso pela primeira vez em 1898 por atividade agitação política.
Bronstein logo evolui para as ideias marxistas, e em uma de suas prisões foge para Londres, onde encontra alguns dirigentes do POSDR, dentre eles Lênin, e participa da elaboração do Iskra. Nessa época adota o pseudônimo de Leon Trótski, nome emprestado de um de seus carcereiros na Sibéria.
A partir desse momento, junto com a evolução do próprio Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR), Trótski desenvolve-se como um brilhante líder revolucionário. Foi eleito duas vezes como presidente do soviete de São Petersburgo, cidade mais importante da Rússia na época.
Quando finalmente ingressa na fração bolchevique do partido, em 1917, ano em que ocorreria a revolução, Trótski impulsiona a formação da milícia operária dos sovietes e, posteriormente, o poderoso Exército Vermelho, do qual torna-se o líder supremo.
Durante a guerra civil que sucede a revolução, Trótski mostra-se o principal líder bolchevique por trás da vitória contra a reação. Muitos, inclusive Lênin, apontam que em certos momentos a figura de Trótski teve um caráter mais central que a do criador da revolução. Pelo seu papel no exército vermelho, suas viagens no trem blindado durante o período de guerra para organizar os trabalhadores e soldados no fronte, era visto como uma verdadeira celebridade entre os soldados e os membros do partido.
Após a morte de Lênin e a contrarrevolução da burocracia stalinista, Trótski foi perseguido e caluniado como poucas pessoas o foram na história. A cidadania soviética lhe foi negada assim como à toda sua família, que junto à ele teve que ir de país em país fugindo dos assassinos de Stálin. Tal perseguição proporcionou a morte de seus três filhos, e finalmente na morte do próprio Trótski. Nina morreu de doença ainda na Sibéria, onde o governo soviético negou-lhe medicamentos. Zinaida morreria poucos anos depois, sem conseguir suportar a perseguição, matou-se. Leon, seu filho mais novo, foi brutalmente assassinado por um capanga de Stálin.
Até o último momento de sua vida, mesmo sendo perseguido por Stálin e as potência imperialistas, Trótski se manteve firme em seus ideais marxistas, fazendo uma defesa intransigente do legado de Lênin e da mesma União Soviética que, liderada pela burocracia, o perseguia.