O instituto Datafolha, do jornal Folha de S. Paulo, fez um levantamento sobre intenções de voto com 2.071 pessoas, em 146 municípios, entre os dias 11 e 12 de maio.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece em primeiro lugar na pesquisa e venceria o atual presidente ilegítimo Jair Bolsonaro (ex-PSL, sem partido) no primeiro e segundo turnos. No primeiro turno, o petista apareceu com 41% das intenções de voto, contra 23% de Bolsonaro. Os demais candidatos têm porcentagens abaixo de 10%: Sérgio Moro (sem partido) 7%; Ciro Gomes (PDT), 6%; Luciano Huck (sem partido), 4%; João Doria (PSDB), 3%; João Amoêdo, 2% e o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, 2%.
Em um eventual segundo turno, Lula venceria pela margem de 52% a 32%. Jair Bolsonaro perde para Lula em todas as regiões do Brasil, em especial na região Nordeste. Na classe operária, Lula mantém uma maioria, 51% entre os que declaram ter ensino fundamental e 47% na faixa de renda de até dois salários mínimos.
Lula readquiriu os direitos políticos após a medida do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), confirmada em Plenário da Corte, que anulou as condenações da Vara de Curitiba da Lava Jato e declarou a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro. Contudo, os processos não foram anulados e o ex-presidente pode ser condenado com as mesmas provas forjadas pela Lava Jato, só que por outros juízes. Isto é, sua candidatura não está garantida. Somente a mobilização popular pode garantir sua candidatura e impedir outras manobras para retirá-lo das eleições.
A pesquisa reflete a visão e a política da burguesia para o processo eleitoral de 2022. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que funciona no Congresso Nacional, tem dois objetivos fundamentais: desgastar Bolsonaro diante da população como o único e exclusivo responsável pelo genocídio da pandemia, com o intuito de diminuir sua popularidade, e negociar com Bolsonaro para que ele recue de determinadas posições e se torne mais palatável.
No caso da questão da pandemia, naquilo que é fundamental, os governos da direita golpista não se diferenciam em nada do governo Jair Bolsonaro. O presidente fascista expressa verbalmente sua indiferença para com a doença, dá declarações estapafúrdias, enquanto os outros pensam a mesma coisa, mas fazem demagogia e se proclamam como “anti-negacionistas”, “civilizados” e “democráticos”. Responsabilizá-lo exclusivamente pela pandemia é uma forma de ocultar a culpa dos demais.
A CPI é uma luta política entre setores da burguesia. O empenho é gestar uma terceira via, dar holofotes para um possível candidato que se oponha à polarização entre Lula (esquerda) e Jair Bolsonaro (extrema-direita). Daí a ideia da terceira via, uma maneira de tentar frear o desenvolvimento da polarização social, que tende a se intensificar no período eleitoral.
O atual presidente ilegítimo se apoia, principalmente, nas forças armadas e no aparelho de repressão estatal. São mais de 12 mil militares da ativa e da reserva da Marinha, Exército, Aeronáutica e Polícias Militares em todos os escalões do governo federal. O apoio dos militares é fundamental para que ele mantenha suas posições políticas.
O bloco político do “Centrão”, a direita tradicional que domina o regime político desde a época da ditadura militar, é composto pelos partidos políticos Democratas (DEM), Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Progressistas, Republicanos, Partido Social Democrático (PSD), Solidariedade (SD), Partido Liberal (PL) e outros menores. Estes atuam para criar o candidato alternativo da burguesia, apoiado pela imprensa capitalista tradicional, em particular a Rede Globo. O bloco político golpista, que apoiou Bolsonaro em 2018 contra o PT, manobra institucionalmente para cercá-lo.
Colocar Lula em primeiro lugar na pesquisa do Datafolha é uma forma de pressionar Jair Bolsonaro, para que ele revise determinadas posições que a burguesia considera como “populistas”. Um exemplo de política que a burguesia quer que Bolsonaro abandone é a questão do armamento.
Contudo, o fato é que o objetivo principal da direita é impedir que o Partido dos Trabalhadores e o ex-presidente Lula retornem ao controle do governo federal, nem que para isso seja necessário apoiar Bolsonaro novamente. O imperialismo não está disposto a aceitar o nacionalismo burguês na América Latina, principalmente em um país como Brasil, que exerce uma influência significativa em todo o continente americano.
Sequer as reformas sociais e a política externa dos governos do PT são toleradas pela burguesia e o imperialismo no atual momento. Este último quer uma política neoliberal dura, de retirada de direitos históricos, privatizações, entrega das riquezas naturais dos países atrasados. O nacionalismo burguês, representado pelo PT, é um obstáculo para a concretização destes objetivos.