Da redação – Em coletiva na tarde desta quinta (07) sobre a pandemia da Covid-19 a ministra Damares Alves respondeu sobre a situação dos moradores de rua: “não são muitos [contaminados]. E por que não são muitos ainda? Ninguém pega na mão deles, ninguém abraça morador de rua. Infelizmente”. A afirmação não foi embasada com nenhum dado, somente com a opinião da ministra.
A colocação, que parece cômica de tão irresponsável, é ainda mais grave vinda da responsável pela pasta que tem a função de conduzir as políticas públicas à população desabrigada – Ministérios da mulher, da família e dos Direitos Humanos – ao menos no papel.
Por outro lado, os dados disponíveis no país, dão conta exatamente do contrário, que a contaminação avança rapidamente pelas populações mais pobres e mais desassistidas, sem contar que é esse público que não vai aparecer em estatísticas nem de atendidos, nem de testados.
Em São Paulo, a secretaria municipal de assistência e desenvolvimento social, informa que, dos cerca de 2000 mortes na cidade (dados de quinta 07/05), 22 eram moradores de rua, havendo ainda 70 casos suspeitos não confirmados por testes. No Brasil, há hoje, segundo dados do próprio ministério, cerca de 78.200 pessoas que vivem nas ruas, a julgar por toda a situação completamente precária de higiene, sem água, abrigo e alimentos, a afirmação da ministra faz pouco caso de um genocídio em andamento com essa população.