Recentemente, a trabalhadora de um frigorífico de abate de frango, empresa do grupo JBS/Friboi, no interior de São Paulo, teve que se submeter a uma cirurgia entre o pulso e a palma da mão esquerda para atenuar o problema referente à síndrome do túnel de carpo. Esta mão estava mais comprometida, no entanto, a trabalhadora sofre também na mão direita, problema esse ocasionado pelo esforço no trabalho.
Conforme o médico Drauzio Varella, a síndrome do túnel do carpo é uma neuropatia resultante da compressão do nervo mediano no canal do carpo, estrutura anatômica que se localiza entre a mão e o antebraço. Através desse túnel rígido, além do nervo mediano, passam os tendões flexores que são revestidos pelo tecido sinovial. Qualquer situação que aumente a pressão dentro do canal provoca compressão do nervo mediano e a síndrome do túnel do carpo.
Em depoimento, a trabalhadora afirmou:
“No começo eu sentia um formigamento, uma dormência e esses sintomas geralmente ocorriam à noite, no dia seguinte, acabava indo normalmente para o trabalho, chegou um tempo que, os sintomas ocorriam no próprio frigorífico, os encarregados me mandavam para a enfermaria e lá, tomava um analgésico e aliviava um pouco, a situação foi piorando tanto que não conseguia segurar nada com as mãos, por mais leves que fossem.
O problema não era só comigo, muita gente sofre da mesma doença.
Eu ainda contraí bursite e tendinite, trabalho nesta empresa há quatro anos e não muito tempo depois de entrar trabalho no corte de partes do frango e é muito rápido, mesmo acelerado, e os encarregados sempre pressionando para irmãos mais rápido ainda, para eles não existem limites. Não demorou muito para que eu começasse a sentir dores, quando entrei, não tinha nada disso”.
“A causa principal da síndrome do túnel do carpo é a L.E.R. (Lesão do Esforço Repetitivo), gerada por movimentos repetitivos…” Drauzio Varella
“Tive uma intervenção cirúrgica há um mês e estou fazendo fisioterapia… mal consigo segurar uma bolinha de borracha e realizar os movimentos pois, ainda sinto uma dor muito forte.
Vou passar, na próxima semana, na perícia do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e muito provavelmente ficarei mais um tempo afastada do trabalho, mas estou muito receosa de quando voltar e os encarregados me colocarem para realizar as mesmas tarefas, as quais realizava antes da cirurgia, aquilo não é serviço de gente.”