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CST/PSOL defende a condenação de Lula

“Nossa pressão não pode ser para livrar a cara de Lula, mas para efetivar as condenações dos políticos corruptos que se apoderaram do Estado para usá-lo em seu benefício, Lula entre eles” Exorta no dia 15 de janeiro de 2018, a Corrente Socialista dos Trabalhadores – CST – Tendência interna do PSOL, na sua criminalização do ex-presidente Lula e no seu apoio a condenação sem provas no processo-farsa montado pelos golpistas.

Receando repudio popular diante do crescimento da mobilização dos trabalhadores e dos movimentos sociais contra a perseguição promovida pelo judiciário golpista contra Lula, setores da esquerda pequeno burguesa aparentemente recuaram, pelo menos nos discursos mais explícitos contra a condenação de Lula, e adotaram a cínica posição de Pilatos diante da perseguição notória do judiciário golpista contra a principal liderança política do país.

No dia 13 de janeiro, a Executiva Nacional do PSOL, aprovou uma nota bastante moderada sobre o julgamento do ex-presidente Lula, indicando que “defende” o direito de Lula ser candidato nas próximas eleições. Todavia, a direção do PSOL não recomenda nenhuma mobilização contra a condenação, nenhum chamado para a ocupação de Porto Alegre no dia 24 de janeiro.

Como seria de esperar, este posicionamento serviu para desencadear uma campanha nas redes sociais, por setores do PSOL (e também por petistas), de que o PSOL entrará na “ luta contra o golpe” e em “ defesa da democracia e de Lula”.

Entretanto, o posicionamento da CST e de outros agrupamentos da “ esquerda” do PSOL na reunião executiva, serviu para evidenciar que não podemos levar à serio o que partido mais característico da esquerda pequeno burguesa fala.

Se bem seja verdade que as posições abertamente golpistas da CST-Psol não seja a tônica geral da esquerda pequeno burguesa neste momento. Entretanto, como já assinalamos em relação ao Andes (sindicato nacional docente do ensino superior), as posições dos grupos mais sectários não são simples exotismos, mas servem para expor o verdadeiro significado da política pró-direita da esquerda pequeno burguesa, que muitas vezes é maquiada pelos grupos mais moderadamente golpistas.

O texto intitulado Somos contrários à resolução da maioria da Executiva do PSOL em defesa do Lula! , publicado no site da CST-PSOL é uma comprovação de que a suposta “ luta contra o golpe” no PSOL não é sólida, e mesmo as posições mamão com açúcar da direção do PSOL não são consenso no partido.

No artigo da CST/PSOL questiona-se a moderada posição de que “ Lula possa ser candidato”, pois segundo os morenistas desgarrados “Essa política mantém o PSOL no campo lulista. É parte de uma leitura da realidade equivocada, de que Lula e todo o PT são vítimas de um suposto golpe, que começou com o impeachment da Dilma. E que a “perseguição” ao Lula é parte dessa “ofensiva reacionária”. “

Assim, a CST/PSOL mantem a alucinada política da esquerda pequeno burguesa de que não houve golpe e nega a existência de perseguição contra Lula. Vamos ver mais adiante, que os morenistas não somente negam que exista perseguição, como vão afirmar que a condenação de Lula é algo positivo, fruto da “ pressão popular” sobre a justiça burguesa, que está sendo “obrigada” pelo povo a condenar Lula.

Uma questão elucidativa que a CST/PSOL informa no seu texto, que indica a farsa da “ luta contra o golpe”  do PSOL é que “Bloco de Esquerda” formado por diversas tendências da “ esquerda” do PSOL se unificou contra a participação do partido no ato em defesa de Lula no dia 24 de janeiro, e obteve 7 votos (CST, MES, COMUNA, APS, TLS e 1 de maio e contou com o apoio da LSR e LS)

Além disso, no artigo que pede a condenação de Lula da CST, é revelado, o que já apontamos nesta coluna, que a candidatura de Plinio de Arruda Sampaio Jr, é apesar de toda conversa fiada de “ revolução” e da importância do “ programa socialista” uma candidatura de direita, apoiado pelas personalidades e grupelhos mais golpistas do PSOL.

Para a CSP/PSOL “Plinio desmascara os falsos argumentos de um suposto golpe sofrido pelo PT. O grande golpe é o que a classe trabalhadora vem sofrendo há anos, que elegeu Lula em 2002 acreditando que a “esperança venceu o medo”.

Como podemos ver,  não é por acaso que a CST e Luciana Genro apoiam o professor “ marxiano”. O pré-candidato “ radical” recusa-se a lutar contra o golpe da direita e prefere fazer frente única com essa mesma direita contra os “ golpistas” Lula e o PT. O anti-lulismo de Plinio tem um aspecto  conveniente na disputa interna no PSOL contra  os setores que convidaram para Guilherme Boulos para ser o candidato à Presidência da República.

Neste sentido, o que explicaria a manutenção e até mesmo o aprofundamento da política alucinadamente pró-direita e contra Lula por parte da CST-Psol ( e em certo sentido de Plinio de Arruda Sampaio Jr).

Quanto ao professor Plinio Jr é uma mistura de arrogância da esquerda acadêmica “ marxiana” com oportunismo mesquinho na disputa interna no PSOl. O eminente Doutor “ socialista” acredita que seu “ programa” é o máximo e representa a“ verdadeira leitura da luta de classes”, estando acima da conjuntura real da Luta de classes.

Dessa forma, contra todas as evidências, para o pré-candidato “ radical”  Plinio Jr  ( como para os grupelhos coxinhas que o apoiam) é preciso ficar sempre “ mais à esquerda”, mostrar “ radicalidade”, colocando toda a culpa no PT, afirmando que não existiu golpe, ou melhor Dilma e Lula é que são os “ golpistas”

Por sua vez, a intensificação da política contra revolucionária da CST/PSOL corresponde ao processo de degeneração do morenismo,. Afinal de contas, não somente a CST, mas Luciana Genro, MRT e o PSTU evoluíram posições abertamente pró-imperialistas, apoiando golpes de estado da direita no Brasil e na Venezuela.

Por outro lado, enquanto os setores majoritários do PSOL precisam adotar pelo menos uma aparência de combatividade contra os golpistas, inclusive para obter vantagens eleitorais, a CST não representa nem uma franja eleitoral da pequena burguesia, sendo um grupo morenista minúsculo, sem presença alguma na classe operaria, que vive de expediente no PSOL por isso a desenvoltura em ser o mais “ esquerdista” no apoio a direita.

Exemplificando,  enquanto setores direitistas do PSOL como Marcelo Freixo cogitam lançar uma candidatura que supostamente lutou contra o golpe, a seita esquerdista que oscilava entre posições oportunistas e esquerdistas adota uma política abertamente golpista, pedindo a condenação de Lula, pois não tem base nenhuma que precisa ser enganada.

Udenismo e esquerdismo fajuto

Os “ argumentos “ da CST/PSOL para defender a direita e não lutar contra a condenação de Lula, são uma mistura indigesta de udenismo puro com esquerdismo fajuto.

Assim, para atacar Lula e defender no interior do PSOL essa política golpista, a CST/PSOL afirma que “a resolução aprovada é um grave erro, pois defende Lula e desarma o partido e toda a sua militância para enfrentar o principal desafio da conjuntura que é a luta contra a reforma da previdência.”

No fundo, o que a CST está querendo afirmar é que não importa a luta política contra a direita golpista ( afinal para eles os petistas são os verdadeiros golpistas”), mas fazer uma encenação de luta contra a reforma da previdência. Primeiramente, a noção de que lutar contra a condenação de Lula é abrir mão da luta contra a reforma da previdência, é na falta de uma palavra maior, uma estupidez pura e simples. A questão se coloca exatamente no inverso, ou seja caso a burguesia golpista consiga impor uma condenação  de Lula, sem luta ou resistência, vai se fortalecer as posições golpistas para fazer a reforma da previdência, que hoje esta em um completo impasse.

A resistência contra a perseguição sofrida por Lula é neste momento a principal luta contra os golpistas. Além do mais, a ampliação desse movimento servirá concretamente para alargar as bases sociais para enfrentar os golpistas na reforma da previdência. Isso sem falar, que a deflagração de um amplo movimento contra a condenação de Lula, por si só, aprofundará a crise do regime golpista, impossibilitando a aprovação da reforma da previdência por um governo já bastante impopular.

A luta contra a condenação de Lula não é um acontecimento banal, que pode ser contornado, muito pelo contrário, é o ponto chave da luta política neste momento no Brasil. Para a burguesia é essencial resolver, antes de qualquer questão econômico e social ( ainda que importante como a destruição das aposentadorias) o problema do poder, ou seja como se dará a continuidade do golpe.

Trata-se aqui, para a classe dominante, de como impor uma solução golpista de conjunto, que passa evidentemente pelo controle do processo sucessório de Temer,  podendo ter ou não eleição em 2018. De qualquer forma, a perseguição contra o ex-presidente Lula tem significado fundamental para continuidade do golpe, e seu oposto, para  reorganização da luta contra o golpe

Quanto, ao aspecto mais ideológico das posições da CST/PSOL  sobre a condenação de Lula, é importante salientar que trata-se neste terreno apenas em um mero plagio, pelo morenismo das posições tradicionais da direita nacional, ou seja a CST é udenista até a medula. Senão vejamos:

“Vivemos num tempo onde a multiplicação dos atos de corrupção torna impossível ocultar o imenso mar de lama.”

Esta declaração revela não somente uma posição udenista dos “radicais” do PSOL, como é gritantemente sem criatividade. O PSTU pelo menos faz um esforço para traduzir em linguagem esquerdista os editoriais do Estado de São Paulo. Assim, o PSTU defendeu junto com a direita  a derrubada do governo Dilma, mas inventou a história que era para derrubar “ todos” os outros, e depois instalar um “ governo de conselhos”. Já a CST faz uma cópia de maneira desavergonhada da tradicional imagem udenista do “imenso mar de lama” usada por Carlos Lacerda para derrubar Getúlio Vargas, agora pela direita para condenar Lula.

Além disso, a CST/PSOL defende o judiciário golpista e a Lava -Jato, chegando ao ponto de afirmar que caso Lula seja condenado estaria sendo feito “justiça”, quando todo mundo sabe que o processo condenatório do juiz Moro é uma aberração jurídica, que mesmo juízes moderados e liberais tem denunciado.

E tem mais udenismo no texto da CST/PSOL, afirmam os morenistas que “As possíveis condenações contra Lula não significam simplesmente a criminalização da direção do PT. É uma das tantas respostas que a justiça burguesa se viu obrigada a adotar pela pressão das massas que não suportam mais corrupção. “

Bem isso, nem mesmo o Estado de São Paulo, a revista Veja e os ideólogos mais coxinhas teriam a insensatez de afirmar. Para a “ esquerda” do PSOL a condenação de Lula é o “clamor popular”.

Na verdade, é exatamente o inverso, a burguesia faz uma campanha permanente contra o ato de 24 de janeiro, com medo que a burguesia tem que a mobilização contra a condenação fraudulenta de Lula leve a um movimento de contestação revolucionaria do golpe.

Se olharmos para as posições adotadas pela esquerda pequeno burguesa diante dos acontecimentos da crise política, podemos afirmar que a inconsistência ideológica e sobretudo a mesquinharia pragmática levou ao conjunto dos grupos políticos, alguns pequenos outros de maior envergadura para um completo fracasso político.

As aberrações da “ análise” da CST/PSOL certamente estão na contramão de que posicionamento minimamente balizados na evolução da situação política. A cegueira completa exposta no apoio ao judiciário golpista contra um líder da esquerda, ainda que moderado, demostrar não somente um “ erro”, mas o caráter política dessa organização. Em geral, os agrupamentos de filiação morenistas (indevidamente tomados como trotskistas) evoluíram na atual etapa de crise capitalista para posições reacionárias, estabelecendo frente única com a direita pró-imperialista para derrubar governos nacionalistas ou de esquerda, adotando inclusive os valores ideológicos da direita, com a defesa das instituições do regime política burguês como faz a CST/PSOL.

 

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