A esquerda pequeno-burguesa brasileira, em especial aqueles setores que ficaram ou são até hoje a favor do golpe, estão com sérias dificuldades em ajustar suas ideias à realidade. Este parece ser o caso da corrente do PSOL CST (Corrente Socialista dos Trabalhadores), liderada pelo vereador do Rio de Janeiro, Babá.
Até hoje se mantém no seleto grupo da esquerda golpista. Continuam defendendo que os governos do PT eram a mesma coisa que a direita, embora, sejamos justos, façam isso de maneira mais tímida do que na época em que a imprensa golpista e toda a direita estava unificada na propaganda contra o PT. Assim como o PSTU e a corrente de Luciana Genro (MES/Juntos), a CST era defensora do fora todos, uma maneira de defender o fora Dilma de maneira disfarçada.
Essa política do Fora todos, que às vezes também era explicada como “nem Dilma, nem Lula, nem Aécio, nem Temer”, parece que não chegou em Bolsonaro. Ao abrir o sítio da CST na internet não se vê a palavra de ordem, nem resquício dela, de fora Bolsonaro. Não se vê porque de fato não é a política da CST, assim como não é a política da maioria esmagadora da esquerda pequeno-burguesa, que tem participado direta ou indiretamente de uma unidade de sustentação do governo Bolsonaro.
Sobre os vazamentos da Lava Jato, que revelaram até para quem se recusava a enxergar – como é o caso da CST – que a Lava Jato era uma conspiração política para dar o golpe de Estado e prender Lula, as conclusões da CST se limitam a pedir a saída de Sergio Moro do governo e a “continuar lutando contra os ataques do governo Bolsonaro/Mourão”.
Mas, sejamos justos, o fora Bolsonaro aparece em uma matéria no sítio da CST, quando fala da Argentina. Sim, e quem assina a nota é de fato a Frente de Esquerda da qual faz parte o grupo argentino ligado à CST na Argentina. A CST reproduz a palavra de ordem das manifestações que pediam que Bolsonaro fosse embora da Argentina. Isso nos leva a crer que a CST seja favorável a que Bolsonaro saia da Argentina para ficar no Brasil, ficar pelo menos até 2022, talvez mais.
O problema é que pedir para Bolsonaro sair da Argentina não implica em grande comprometimento político, a não ser a propaganda contra o presidente golpista brasileiro, já no Brasil, pedir o fora Bolsonaro significa se chocar com a unidade que se criou para sustentar o governo.
O segredo para entender tal política é descobrir se na Argentina, o grupo ligado à CST, o Izquierda Socialista, tem como palavra de ordem o fora Macri, que é uma espécie de Bolsonaro argentino. A resposta é não. Fica Bolsonaro no Brasil e fica o Bolsonaro Macri na Argentina.