O Cruzeiro havia começado bem na temporada 2019, conquistando o título estadual e fazendo boa campanha na fase de grupos da Libertadores. No entanto, a partir de uma investigação da Polícia Civil envolvendo cartolas do clube em crimes como lavagem de dinheiro e apropriação indébita, o time seguiu ladeira abaixo. Eliminado da Copa do Brasil e da Libertadores, lutou contra o rebaixamento até sucumbir diante do Palmeiras no final do ano.
O fraco desempenho da “raposa” na Série B do Campeonato Brasileiro deste ano fez com que um trágico rebaixamento para a Série C aparecesse como risco real para o clube. Não bastasse o trauma do rebaixamento, o Cruzeiro já começou a competição com pontuação negativa por conta de uma punição da Fifa (ao total seis pontos negativos). A punição, que serviu para pressionar ainda mais o clube, foi motivada por ação movida pelo clube Al-Whada da Arábia Saudita relacionada ao empréstimo do volante Denílson. Para atender aos interesses dos capitalistas sauditas, a Fifa impôs um obstáculo a mais para o Cruzeiro.
Em meio a esse turbilhão, o clube mineiro buscou um nome de peso. Felipão chegou para comandar a equipe justamente quando ela se encontrava no Z4, ou seja, entre os quatro últimos colocados na competição. Com três vitórias e um empate, ele não só tirou o time da zona de rebaixamento como já faz a torcida até sonhar com a volta à Serie A, o que seria um feito extraordinário.
Para se ter uma ideia, quando o treinador assumiu o time, o site Probabilidades do Futebol do departamento de matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontava apenas 0,65% de chances do Cruzeiro conquistar o acesso à Serie A nesta temporada, enquanto indicava a chance de rebaixamento acima dos 50%.
Campeão Mundial com a Seleção Brasileira em 2002, o gaúcho de Passo Fundo (RS) comandou a equipe pentacampeã que encantou o mundo. Após esse feito, encarou o desafio de treinar a Seleção Portuguesa, onde conseguiu levar esse país às semifinais da Copa de 2006, perdendo para a seleção anfitriã. Parece pouco, mas a Seleção Portuguesa não tinha um desempenho assim desde 1966 quando contava com o melhor jogador da sua história, o moçambicano Eusébio.
Muito criticado pela campanha na Copa de 2014, novamente no comando da Seleção Brasileira, Felipão assumiu a responsabilidade pelo traumático 1 X 7 na semifinal. Porém cabe aqui lembrar que a equipe brasileira foi duramente pressionada pela imprensa golpista, que temia que uma grande atuação brasileira poderia beneficiar a candidatura à reeleição de Dilma Rousseff no mesmo ano.
Em meio a moda de contratar técnicos estrangeiros, o Cruzeiro resolveu apostar no conhecimento de Felipão. E isso vem se mostrando um grande acerto, até porque a diretoria da “raposa” não tinha margem para se aventurar.