A falência do capitalismo é inevitável, prevista há muito desde os tempos remotos do marxismo. Agora, com o coronavírus e a hecatombe generalizada que este engendrou, nos deparamos com ainda mais uma prova cabal de que esta profecia é, na realidade, um fato cambaleando para se concretizar. Resultado disso é, inevitavelmente, o massacre total dos trabalhadores e de todas as suas organizações. Afinal, a burguesia se recusa a segurar a crise que ela mesma criou em suas próprias costas, não vai perder nenhum centavo, prefere sacrificar o povo. Entretanto, dentro disso tudo, um dos setores mais negligenciados de toda a sociedade é, sem sombra de dúvidas, a juventude, duramente afetada durante toda a crise.
Como já foi denunciado por este Diário, a quantidade de desempregados dentro da juventude já chegou à impressionante quantia de 31,4%. Ou seja, cerca de um terço de toda a juventude trabalhadora (de 18 a 24 anos) está desempregada, segundo os critérios oficiais, que classifica desta forma apenas uma parcela do total de trabalhadores sem emprego. Isso no momento em que pouco mais da metade de todos os trabalhadores do Brasil inteiro estão desempregados, provando, por conseguinte, que a crise realmente afeta a juventude em maior peso.
Entretanto, este é o efeito imediato da crise. Ao mesmo tempo em que é imprescindível denunciar a situação atual da juventude, é preciso pensar no futuro e, sem muitas surpresas, este também não se mostra como um horizonte positivo para os jovens do País. Segundo Ignacio González, pesquisador e professor de Economia da American University, em Washington DC, nos Estados Unidos; os jovens que estão agora, em meio a crise, ingressando no mercado de trabalho, sofrerão com consequências terríveis no que diz respeito às suas vidas profissionais futuras.
Muitas das pessoas que entram no mercado de trabalho durante uma crise não só correm maior risco de desemprego e subemprego nesse período, mas também ficam sobrecarregadas no futuro. Essa queda temporária da renda tem grande probabilidade de surtir efeitos permanentes, coloca González.
De forma breve, é um ciclo eterno: no meio da crise, a juventude se vê forçada a adentrar no venal mercado de trabalho capitalista numa feroz batalha pelo emprego. Entretanto, e principalmente com um aumento na taxa de desemprego, começam a escutar coisas como “não te contrato, pois você não tem experiência”. Depois, a situação só piora, sendo recusados tanto por sua idade “avançada” quanto pela falta de conteúdo em seus currículos, resultantes, obviamente, da própria crise da época. Com isso, ficam permanentemente marcados pelo capitalismo, alcançando empregos de baixíssima qualidade, em condições desumanas, resultando em diversos distúrbios psicológicos, no vício em drogas e, até mesmo, no próprio suicídio.
O que devemos notar é que, invariavelmente, esses tipos de males vêm em decorrência da própria decadência do capitalismo. Antes de tudo, é um problema social que deve ser tratado como tal. Um processo quase que natural do imperialismo que ceifa a morte de centenas de milhares de pessoas todos os anos.
Nesse sentido, apesar de tudo, a tarefa da juventude só pode ser uma: lutar pela superação do capitalismo e pela conquista do socialismo. É a única saída para quadros como o que estamos vivendo no momento, algo que a história já nos provou com todas as crises pelas quais o mundo passou nessas últimas décadas. Portanto, só nos resta a mobilização e, antes de tudo, a organização da juventude e de todos os trabalhadores em torno da única política que pode verdadeiramente libertá-los: a política revolucionária.