O Cruzeiro Esporte Clube, tradicional clube de futebol de Minas Gerais, vai começar a disputa da Série B do Campeonato Brasileiro com pontuação negativa e existe um pedido apresentado à Fifa para que o clube seja sumariamente rebaixado à Série C.
O imbróglio tem como pano de fundo a falta de pagamento de valores referentes ao empréstimo do volante Denilson junto ao clube Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos, em 2016. O volante, que já passou por São Paulo e Arsenal, só chegou a disputar cinco partidas pelo Cruzeiro.
O clube mineiro já vinha passando por dificuldades econômicas, que foram agravadas com a interrupção dos campeonatos, e tentou negociar um adiamento para o segundo semestre, porém essa possibilidade foi rechaçada pelo Al Wahda.
Se disputar a Série B já é uma experiência complicada para os grandes clubes brasileiros, começar com 6 pontos negativos já era um agravante. Agora, o risco de rebaixamento sumário eleva a um nível dramático a pressão econômica sobre a “Raposa”.
Segundo o dirigente cruzeirense, Sérgio Santos Rodrigues, o valor que o clube deve em processos na Fifa já soma um total de R$ 70,3 milhões. Isso sem contar as custas processuais da própria Fifa, que cobra em francos suíços.
O tetracampeão brasileiro sofre essa enorme pressão política e econômica justamente em um momento em que a propaganda favorável aos clubes-empresa está em alta. Atrapalhando essa campanha, o Corinthians barrou o avanço do finado Bragantino (ou Red Bull Bragantino) no Campeonato Paulista. O clube do interior de São Paulo vem sendo utilizado como exemplo de sucesso desse “modelo de gestão”.
Obviamente, mesmo com o tropeço do Red Bull os interesses capitalistas seguem assediando os clubes nacionais e a propaganda dos seus interesses seguirá tendo ampla repercussão nos monopólios da imprensa. Como já denunciamos neste Diário, essa desfiguração dos clubes é um crime contra o futebol brasileiro e precisa ser combatido.
Por se tratar de um grande clube brasileiro, o Cruzeiro desperta a cobiça do capital internacional. Além dos títulos nacionais e estaduais, o time mineiro conquistou duas vezes a Copa Libertadores da América. Um prato cheio para os tubarões do mercado do futebol.
Como manda o parasitismo característico desta etapa decadente do capitalismo, nenhum grande investidor está disposto a criar um clube a partir da fundação: construir infraestrutura, contratar profissionais, criar categorias de base, promover eventos para a população, entre muitas tarefas que envolvem a construção de um clube de futebol.
O plano dos capitalistas é claro, pegar o que já está pronto e extrair o máximo de lucro possível. Se algo der muito errado, não vão hesitar em retirar seu capital e procurar outro investimento melhor.