Nesta última terça-feira (09/02) a França superou o número de 80.000 mortos em razão da pandemia da COVID-19, segundo dados publicados no sítio do governo francês. Nas vinte e quatro horas anteriores o número de mortos foi de 700 e o número de novas hospitalizações atingiu um total de 1.800 pessoas. Os números traduzem uma piora quanto ao aumento do número de pessoas atingidas pela doença e é atribuído pelos médicos franceses à propagação da variante britânica do coronavírus.
Ainda na terça-feira o parlamento francês decidiu pelo prolongamento do estado de urgência sanitária até o próximo dia 1º de junho. A decisão provocou manifestações de indignação da oposição tanto da direita como da esquerda. Eles denunciam que está ocorrendo uma banalização de medidas que deveriam ser excepcionais. A urgência sanitária na França esteve em vigor de 23 de março de 2020 até 10 de julho do mesmo ano, foi novamente instaurada em 17 de outubro até 16 de fevereiro do presente ano e agora foi mais uma vez prorrogada.
A deputada do partido França Insubmissa declarou ao sítio RT France:
Nós tínhamos o hábito do estado de urgência para questões de terrorismo que estavam expressamente previstas em lei, finalmente temos um estado de urgência permanente e para nós, isto é extremamente problemático porque é liberticida e sobretudo isto dá plenos poderes ao executivo.
O deputado do partido Comunista Stéphene Peu que disse ao mesmo órgão de imprensa estar inquieto com o fato que desde 2015 a França esteve grande parte do tempo sob regime derrogatório do estado de direito inicialmente sob pretexto de combate ao terrorismo e agora em razão da pandemia do COVID-19.
Também do lado dos aliados do governo tem-se ouvido críticas à maneira como o governo tem enfrentado a questão da pandemia. O líder do partido de direita Agir disse que não é possível que se dê um cheque em branco ao governo a cada três ou quatro meses.
A situação que se apresenta na França em face da pandemia da COVID-19 não é muito diferente daquela que se vê nos outros países centrais, os chamados países ocidentais: os governos se mostram incapazes e sem vontade de dar uma resposta direta e eficaz com relação à pandemia, a desinformação reina e a percepção das populações é que nada está sendo feito e que as medidas restritivas tem como escopo apenas estabelecer um regime de restrição ainda maior das liberdades públicas. Se considerarmos a população da França e a população do Brasil e os números de mortos pela COVID-19 em ambos os países é de se concluir que a situação naquele país não é melhor do que a do Brasil.
A pandemia está servindo de álibi para uma transição mundial para um sistema que, através da destruição da economia e da supressão de conquistas seculares da classe trabalhadora, possibilitará sua exploração de forma ainda mais odiosa. É importante não perder de vista que não estamos somente diante de uma questão de saúde pública. Trata-se do destino da classe trabalhadora que está sendo decidido.