Já fazia mais de uma década que o Reino Unido não entrava em uma recessão econômica. O fato foi confirmado pelo governo britânico na última terça-feira (12/08). O Produto Interno Bruto do país teve uma queda de 20,4% entre os meses de abril e junho quando comparados ao primeiro trimestre de 2020.
O PIB do Reino Unido já dava sinais de queda desde o primeiro semestre quando registrou uma retração de 2,2%. Com um segundo trimestre consecutivo de contração econômica o império oficializou sua recessão.
Os dados apresentados pelo Escritório Nacional de Estatísticas apontam que todos os setores da economia foram atingidos e a justificativa foi a pandemia da Covid-19. A contração no segundo trimestre é a maior já registada no Reino Unido desde 1955, quando começaram os registros trimestrais.
A crise atual dos britânicos também é a maior dentre as economias da Europa. A queda da atividade econômica superou os números registrados na Europa continental pela Alemanha (10,1%), França (13,8%), Itália (12,4%) e Espanha (18,5%).
Os setores mais afetados no segundo trimestre foram hotelaria, restaurantes e bares, que sofreram uma queda de 86,7%. O comércio varejista, por sua vez, caiu 20%. Transportes, 30%. O setor da educação sofreu uma contração de 34,4%. A construção caiu 35%, enquanto a indústria teve queda de 20,2% entre abril e junho.
Uma recessão econômica significa mais desemprego e, portanto uma tendência ao acirramento da luta de classes e consequentemente da polarização política. No Reino Unido a classe operária está apoiada em uma ala mais à esquerda do Partido Trabalhista, enquanto que a extrema-direita é o próprio governo.
. O resultado das eleições nacionais na Irlanda em fevereiro, que quebrou um século de hegemonia da direita no poder, confirmou a tendência à polarização e a instabilidade política nos arredores de um dos principais países imperialistas, e importante centro político e financeiro mundial.
Por outro lado, a saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit, apresenta-se desde já como uma política insuficiente para conter a crescimento da crise econômica que vai além da derrocada do neoliberalismo em todo o mundo e configura-se como uma crise do regime capitalista de conjunto.
Nesse sentido, a classe operária europeia deve organizar-se para intervir na crise com o seu próprio programa político, rejeitando a demagogia da extrema-direita e propondo uma ruptura completa com a burguesia de todo o velho continente.