A cada dia que passa, um setor cada vez mais amplo da população brasileira toma consciência dos objetivos do golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff em 2016: arruinar a economia nacional e as condições de vida da classe trabalhadora brasileira para sugar todos os recursos do país, em uma vã tentativa de salvar os grandes capitalistas internacionais da bancarrota que se abriu com a crise econômica de 2008.
Em pesquisa recente feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com base nos dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi divulgado um dado alarmante. De 2014 até 2018 6 milhões de pessoas foram expulsas da classe média, juntando-se às fileiras da classe trabalhadora. É curioso que a janela temporal da pesquisa engloba o período de preparação e execução do golpe de Estado (segundo mandato da presidenta Dilma) mais o governo golpista de Temer. Afinal, é muito provável que a esmagadora maioria destes 6 milhões tenham regredido economicamente entre os anos de 2016 e 2018, uma vez que o empobrecimento geral explodiu a partir do golpe de Estado.
Outro fato que mascara a verdadeira calamidade em que se encontram os trabalhadores e a classe média brasileiros é o aumento do trabalho informal. Com a crise, são muitos os setores que se tornam, por exemplo, ambulantes. São pessoas que entram nas estatísticas como se tivessem um emprego formal, mas na realidade, são formas de trabalho muito precárias, o que nos permite concluir que as verdadeiras condições de vida dos trabalhadores brasileiros é muito mais grave do que apresentam as pesquisas encomendadas pela burguesia.
No entanto, mesmo levando-se em consideração que tanto a FGV, Fundação de pesquisa neoliberal, quanto o IBGE estejam sob o controle da direita golpista, o que levanta forte suspeita dos dados apresentados nesta pesquisa, os resultados mostram, ainda que de maneira distorcida, o tamanho da crise provocada pelo golpe.
Fica evidente que a pequena burguesia foi feita de trouxa, em toda a operação golpista. Uma parcela dessa mesma classe média que vestiu a camisa amarela da CBF, nos “coxinhatos”, junto com o pato da FIESP. Agora veio a conta, e são esses mesmos “patos” que a estão pagando, junto com milhões de explorados. É ao mesmo tempo trágico e cômico que seja justamente essa classe média que “paga o pato” do golpe, sofrendo um retrocesso brutal como este.