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Crise: economia alemã tem contração de 0,1% no 2º trimestre

Considerado um dos países mais sólidos em termos de economia, o mais rico e influente na Europa, a Alemanha mostra-nos o tamanho da crise capitalista.

Estimulados por declarações do chairman do Federal Reserve (FED/EUA), Jerome Powell, de que o banco central norte-americano deve facilitar uma política de incentivo para a economia, injetando dinheiro na economia americana para evitar uma desaceleração global e inflação, em junho de 2019, o Banco Central Europeu (BCE) sinalizou, em sua reunião política,  que vai considerar injetar novo estímulo na economia da zona do euro, seja por meio de cortes na taxa de juros ou com o relançamento de um programa de compra de bônus de 2,6 trilhões de euros.

A decisão está assentada em preocupações sobre a desaceleração da economia, com o crescimento global e as disputas comerciais.

Quando a Alemanha confirma que a economia do país está patinando, um país altamente industrializado, essa decisão do Banco Central Europeu é um forte índice de que o problema é realmente muito grave.

Recentemente, o economista-chefe do Commerzbank da Alemanha, Jörg Krämer, declarou que “não há nada que indique recuperação econômica no segundo semestre”. E isso foi dito logo após um primeiro semestre ‘desafiador’ para a economia do país europeu: “A Alemanha está em uma área cinzenta, entre uma desaceleração acentuada do crescimento e uma recessão”.

Os jornais deram foco à contração econômica registrada no segundo trimestre na Alemanha, registrando que houve uma queda de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, em comparação com os três meses anteriores.

Corre-se para explicar tal queda focando nos resultados ruins do comércio exterior. Internamente, aponta-se para a desaceleração da maior economia europeia, após uma década de crescimento sólido, no qual a Alemanha teria conseguido se blindar, inclusive protelando a recessão que, a rigor, deveria ter ocorrido já no segundo semestre de 2018.

A Crise do capitalismo[1], porém, advém exatamente do fato de que não há fim para sua fome e mesmo toda riqueza transferida para o Centro, para os imperialistas, não garante estabilidade ao sistema.

A ultima crise, que é uma das tantas manifestações da Crise capitalista, ocorreu em 2008 e não foi resolvida. O que ocorre hoje com a Alemanha é o efeito retardado daquela crise. E deve atingir toda a Europa.

Se um país industrializado e rico como a Alemanha foi atingido pela crise, o que acontece com o resto do mundo hoje? Todas as previsões de crescimento, feitas pelos donos do dinheiro, têm sido revistas para baixo: No relatório Perspectivas da Economia Mundial de janeiro do Banco Mundial, a projeção para 2019 foi reduzida em 0,3 ponto percentual (p.p.) – para 2,6% – e em 0,1 p.p. – para 2,7% – em 2020.

Na Europa, as incertezas geradas por causa do Imbróglio do Brexit aumentam ainda mais com as sempre realimentadas tensões geopolíticas, atualmente envolvendo sanções ao Irã. Somado a isso o que se tem chamado de guerra comercial entre Estados Unidos e China, com a imposição, em maio e julho, pelos norte-americanos, de novas e elevadas tarifas às importações chinesas, e
posterior retaliação da China em relação aos EUA.

Os Estados Unidos é o país mais endividado do mundo, embora seja o mais rico e militarmente poderoso. Os movimentos do atual governo norte-americano, com Donald Trump, em busca de desestabilizar a economia global ao atacar a China e alimentar a incerteza sobre novas guerras contra países importantes como o Irã, ou da saída dos EUA da Organização Mundial do Comércio,

Então, a contração na economia alemã, cuja indústria tem tido problemas desde pelo menos 2018[2], nada mais é que um sintoma, grave, do que o mundo está para testemunhar: uma nova e aguda fase da crise histórica do capitalismo, maquiada na última década e que agora deve explodir levando todos junto.

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NOTAS:

[1]O sistema capitalista sempre gerou e vai continuar gerando crises econômicas, é de sua natureza. A primeira grande crise do capitalismo ocorreu em 1825, e, naquele momento, na economia mais desenvolvida do mundo, a Grã-Bretanha. Outras crises sucederam sem parar: 1836, 1847, 1857, 1866, 1873, 1882-84, 1890-93, 1900, 1907, 1913, 1920, 1929-33, esta atingiu em cheio os Estados Unidos da América, economia em ascensão. Uma nova crise iniciou em 1938 e, ironicamente, foi resolvida com outra crise maior: a segunda grande guerra.

O século XX pós-guerra foi dedicado a consolidar o capitalismo, e o neoliberalismo, em caminho único para o mundo e o sistema financeiro, com o dólar como moeda padrão, transformou-se no verdadeiro governo mundial, capaz de controlar qualquer país ao definir taxas de juros, valorizar ou desvalorizar moedas locais (sempre em relação ao dólar), endividar e impossibilitar o pagamento das dívidas.

Por meio do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial e do Bando Interamericano de Desenvolvimento, todos os outrora chamados países do Terceiro Mundo, ou em desenvolvimento, ou pobres, são submetidos a constantes crises, ameaçados pelo horror ou pânico econômico constante e, ontem como hoje, pressionados a: eliminar gastos sociais, reduzir ou cortar gastos com a folha de pagamento do governo, retirar direitos trabalhistas – em particular enfraquecendo os sindicatos, e privatizando empresas públicas lucrativas.

[2] Em 2018, a produção industrial da Alemanha diminuiu 1,9% em novembro, perante o mês anterior, quando caiu 0,8%, e caiu 0,4% em dezembro, contra expectativa de alta de 0,7%. No ano passado, o país enfrentou a mais séria queda no setor industrial em décadas. O ano de 2018 foi o pior em 10 anos, com uma queda de 4,7%, e 2019 talvez seja ainda mais.

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